Na vida aprendemos que marginal é aquele que vive a margem da sociedade. Quando se estuda um pouco de sociologia muitas vezes ouve-se falar na “teoria do etiquetamento”.
O Estado, por meio de seus representantes, tem o poder de rotular e etiquetar pessoas, muitas vezes tratando todos como “marginais”. Alguns desses marginais como bandidos.
Hoje ocorreu uma derrubada de barracos no SIA, Setor de inflamáveis, na cidade do Guará. Uma invasão com mais de 20 anos que margeia a um parque ecológico.
Naquele lugar mulheres grávidas, velhos, jovens, crianças e adultos habitavam aquele espaço. Todos marginais, todos sem voz. Para alguns, aquelas pessoas não precisam morar ali, pois tinham TV, celular, alguns tinham até carro e vários objetos de “valor”. Um ponto que não se pode esquecer é que o direito à moradia é universal. Não precisar morar ali não significa ter um lugar para ir. Segundo Victor, 15 anos, aquela é sua rotina desde criança. Viu seu barraco derrubado várias vezes, mas sempre o reconstrói.
Outros jovens explicavam seus sonhos ao SGT Aderivaldo, enquanto ele tentava convencê-los que não era inimigo. Que também já esteve naquela situação, pois morou até seus quinze anos em invasão e que não sentia prazer naquilo. Muitos deles foram alunos do Proerd e contaram sua experiência de vida ao Sargento.
A derrubada terminou as 15h e vários barracos estão no chão. Para quem tinha para onde ir foi disponibilizado um caminhão, para quem não tinha o relento foi a opção. A solução dos problemas fundiários no DF são primordiais, mas o respeito ao ser humano e as garantias dos direitos individuais dos cidadãos também.
Aparentemente, o governo não tem uma política clara de habitação para estas pessoas. Ao tirar-lhes o teto, sem uma opção, o Estado os tira da pobreza e os leva para a linha da miséria. A partir de hoje são sem teto, cada vez mais marginais.