Uma pesquisa revela a insatisfação geral dos policiais civis com a profissão, com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e também com a direção-geral da PCDF. Para 72,6% dos entrevistados, deixar a corporação seria uma opção viável, caso tivessem outras boas oportunidades. O governo de Rollemberg é considerado péssimo por 86%, enquanto 90% desaprovam o comando de Eric Seba, diretor-geral da Polícia Civil.
“Do jeito que vai, a segurança pública entrará em colapso. Não podemos suportar essa situação de falta de investimento, que inclui equipamentos e viaturas obsoletas, além de prédios mal conservados. Essa sensação é flagrante dentro da corporação”, diz o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo), Rafael Sampaio.
A pesquisa feita em junho pela Parolle Comunicação e Serviços Especializados, a pedido dos sindicatos que representam os policiais civis do DF, ouviu 449 profissionais que trabalham na corporação. O estudo mostra que 39,6% dos entrevistados estão satisfeitos com o trabalho e 34,5% se dizem insatisfeitos.
Para 52,3%, o desempenho de Eric Seba é péssimo. As queixas são ainda maiores sobre o Governo do Distrito Federal (GDF). Para 99% dos entrevistados, o governo não oferece condições necessárias de trabalho, enquanto 86% consideram péssimo o desempenho de Rollemberg.

A profissão virou um trampolim. É aproximado o número de servidores que deixariam a corporação e os que entendem que o trabalho na polícia afeta sua vida pessoal. Se eles não encontram valorização, tendem a sair para um trabalho com remuneração semelhante e com desgaste menor

Rafael Sampaio, presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do DF (Sindepo)

Ao Metrópoles, o Governo do Distrito Federal (GDF) informou que não comenta pesquisas. O diretor-geral da PCDF, Eric Seba, não retornou ao contato da reportagem até a última atualização desta matéria.
 
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A consulta foi encomendada pelo Sindepo, Sinpol e Sindiperícia. A margem de erro é de 3% e o intervalo de confiança de 95%, sendo que 70% dos entrevistados são do sexo masculino, e 30%, mulheres. Os pesquisadores ouviram profissionais de diferentes faixas etárias e tempo de casa.

“Essa pesquisa comprova o alto nível de rejeição em relação ao diretor-geral (Eric Seba) e ao governo. Tem tudo a ver com as políticas de segurança pública que eles têm adotado. A insatisfação geral atrapalha no trabalho e a tendência é os profissionais dizerem que a polícia não tem boas condições de trabalho

Rodrigo Franco, o Gaúcho, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol)

Raio X
A Polícia Civil do DF tem cerca de 8,5 mil servidores. Destes, 600 são delegados. No ano passado, os policiais deflagraram a campanha de equiparação salarial com os federais. O embate foi intenso. A categoria chegou a deflagrar greve de 22 dias, paralisações, piquetes, mas as negociações não avançaram.
Os policiais dizem que, nos últimos sete anos, tiveram reajuste salarial de 15,8%, divididos em três anos, concedido a todo o funcionalismo federal.  “Neste período, a inflação acumulada ultrapassou 62%. Enquanto todas as carreiras da União tiveram acordos de recomposição, fomos a única que não teve. Nossas perdas somam 47%“, informou o Sinpol. Um agente de Polícia Civil do DF em início de carreira ganha R$ 7.514,33.
Negociação arrastada

O governo argumenta que não há recursos para bancar o reajuste. Mas os policiais não se dão por vencidos. Nesta quarta-feira (21), sindicatos que representam esses profissionais se reuniram novamente para reivindicarem o aumento salarial  prometido pelo governo. Em discussão, o movimento unificado com os policiais militares e bombeiros.
A Polícia Civil rachou a decisão. Enquanto o Sindepo divulgou nota, ainda no fim da tarde, declarando que se uniria à PM e aos bombeiros, o Sinpol decidiu não apoiar o movimento. “Não somos e nunca fomos contrários aos pleitos dos bombeiros e policiais militares, que possuem estrutura de carreira diferenciada dos policiais civis e contam com estrutura salarial diversa dos subsídios da nossa carreira, bem como são regidos por Regimes Jurídicos absolutamente diferentes”, afirmou o sindicato que representa os agentes.

Fonte: Site Metrópoles – Texto de Ian Ferraz