O governo brasileiro declarou nesta terça-feira (18), por meio de uma nota conjunta assinada com mais 17 países, que defende a manutenção das eleições para a escolha do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), marcadas para os dias 12 e 13 de setembro, em formato virtual. Nas últimas semanas, representantes de países como México, Argentina, Chile e da União Europeia defenderam o adiamento da escolha para março de 2021, sob o argumento de que, em meio à pandemia do novo coronavírus, não seria apropriado discutir a sucessão no banco de forma virtual.
Na nota conjunta, assinada por Bahamas, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Suriname e Venezuela (governo autoproclamado de Juan Guaidó), os países argumentam que as regras e o calendário eleitoral foram aprovadas em assembleias anteriores, de forma regular, e que não haveria motivo para o adiamento.
“A data da eleição foi fixada dentro do prazo exigido pelo regulamento do BID para a eleição do presidente do banco, a qual foi aprovada pela Assembleia de Governadores. A eleição do presidente do BID é de extrema importância para nossa região e para conduzir o banco no enfrentamento do maior desafio da era contemporânea. Instam todos os países-membros a cumprir, no prazo e forma indicados, as resoluções já aprovadas pelos diretores e governadores. Será extremamente importante preservar a integridade desse processo e das decisões tomadas pelos diretores e governadores do Banco para proteger os interesses da região, bem como a soberania hemisférica de nosso banco interamericano. Nossos povos precisam de soluções que não podem ser adiadas”, diz a declaração.
Segundo a agência de notícias Reuters, o norte-americano Mauricio Claver-Carone, assessor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é o favorito nas eleições para presidente do BID, mas sua candidatura encontra resistência entre europeus e outros países latino-americanos. Se for eleito, Carone se converteria na primeira pessoa de fora da América Latina a liderar o BID, rompendo uma tradição de 60 anos. Uma outra candidatura anunciada é a de Gustavo Béliz, secretário de Assuntos Estratégicos da Argentina.
O banco, com sede em Washington, foi fundado em 1959 com o propósito de financiar projetos de desenvolvimento econômico, social e institucional e promover a integração comercial na área da América Latina e o Caribe. Desde então, sempre teve como presidente um cidadão de naturalidade latino-americana, incluindo o atual, o colombiano Luis Alberto Moreno, à frente da instituição desde 2005. Ao todo, o BID é composto por 48 países-membros, que incluem as nações latino-americanas e da região do Caribe, além de EUA, Canadá, União Europeia, Japão, China, Coreia do Sul e Reino Unido.
Os EUA têm o maior peso nas decisões do banco, com 30% do poder de voto, seguido por Brasil (11,3%), Argentina (11,3%), México (7,2%), Japão (5%), Canadá (4%) Venezuela (3,4%), Colômbia (3,1%) e Chile (3,1%). Os demais países, juntos, somam cerca de 21,2% dos votos.