Sabe aqueles dias difíceis de escrever algo? Sabe quando está cheio de ideias querendo botar para fora, mas não sai nada? Esse é o dia…

Pensei em escrever sobre as dificuldades das grávidas na PM ou talvez discutir a “fundada suspeita” e a obrigação de abordar nas “blitz” da PM, mas minha cabeça não parava de lembrar que hoje é dia de finados. Um dia como outro qualquer, mas que traz uma reflexão profunda, um vazio enorme.
Não posso deixar de solidarizar-me com todos aqueles que já perderam um ente querido, um amigo, um amor, que partiu de repente e nunca mais voltará.
Aos onze anos perdi um tio que eu amava muito. Ele foi assassinado com 17 (dezessete) facadas. Uma morte terrível, ainda me recordo de suas roupas sujas de sangue, perfuradas pela lâmina. Uma grande dor, creio que a primeira de minha vida. Perdi uma avó que eu muito amava, posteriormente meu avô amado. Perdi tios e tias, muitos amigos e amigas queridas. A última foi meu filho querido, Gabriel Brilhante, ele faleceu um ano após o assassinato de um primo querido, que morreu a facadas após um assalto em Goiânia. Uma somatização de dores que ninguém pode imaginar.
É impressionante como o dia inteiro minha garganta esteve com aquele nó, o peito apertado e olhos cheios de lágrima. Fico imaginando as famílias de companheiros mortos pelo Brasil e o descaso das autoridades. É estranho, pois acabo sentindo minha dor e a dos outros. Dor de pessoas que nem conheço, mas que devido a farda é como se fossem de minha família.

Tenho aprendido a aceitar a perda, pois não depende de minha vontade, e a superar a dor e a saudade. O que não é fácil, mas é preciso, pois não podemos parar. Como sempre digo nesse espaço: temos que focar no que temos e não no que perdemos. Focar naqueles que ainda estão entre nós…
Confesso que hoje perdi um pouco da minha inspiração, peço desculpas aos meus leitores.