.

O presidente Jair Bolsonaro deu posse hoje (17) ao novo ministro da Saúde, Nelson Teich, e pediu que ele busque uma alternativa para poupar vidas e ao mesmo tempo evitar o aumento do desemprego da população, em meio às medidas de restrição do comércio em todo o país por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19). A cerimônia foi no Palácio do Planalto e contou com a presença do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, demitido ontem (16) do cargo de ministro da Saúde.

“Não queremos vencer a pandemia e chamar o doutor Paulo Guedes [ministro da Economia] para solucionar as consequências de um povo sem salário, sem dinheiro e quase sem perspectivas em função de uma economia que está sofrendo muito revezes”, disse o presidente.

“Junte eu e o Mandetta e divide por dois, pode ter certeza que você vai chegar naquilo que interessa para todos nós”, disse o presidente ao novo ministro.

Em seu discurso, Bolsonao lembrou que ele e Mandetta vinham divergindo sobre os caminhos para o combate à pandemia da covid-19. O ministro se alinhava às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela adoção de um isolamento social mais forte, enquanto o presidente defende a abertura do comércio como forma de evitar impactos na economia e o desemprego na população.

“Tenho certeza que o Mandetta deu o melhor de si. Aqui não tem vitoriosos nem derrotados, a história, lá na frente, vai nos julgar. Essa briga de começar a abrir o comércio é um risco que eu corro, porque se agravar vem pro meu colo”, disse Bolsonaro, acrescentando “a minha visão é um pouco diferente do ministro, que está focado no seu ministério, a minha visão tem que ser mais ampla. […] Tenho que buscar aquilo que, segundo o povo que acreditou em mim, deve ser feito”.

O ex-ministro Mandetta fez um balanço das ações realizadas pelo Ministério da Saúde durante sua gestão de 16 meses, como o lançamento do Médicos pelo Brasil e o fortalecimento da atenção primária. Para o combate ao novo coronavírus, ele destacou as parcerias para ampliação da produção de respiradores e de oferta de testes diagnósticos.

“A Fiocuz [Fundação Oswaldo Cruz] se revela mais que nunca necessária à própria soberania do país”, afirmou Mandetta se referindo à produção de kits de testes e à necessidade de lançamento de um complexo industrial para produção de vacinas.

Busca de informação

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, destacou que ainda há uma pobreza de informações sólidas sobra a covid-19, sua evolução e tratamentos. “Isso leva a um nível de ansiedade que é enorme. Então a gente vive não só um problema clínico, de cuidar da doença, mas de administrar todo o comportamento de uma sociedade que está com medo”, disse, explicando que vai trabalhar, por meio da informação e do conhecimento, para a construção de uma solução.

Ontem (16), durante o anúncio de que seria o novo ministro da Saúde, Teich defendeu um programa de testagem da população para o novo coronavírus, com o objetivo de mapear os infectados e acelerar o fim do isolamento social em vigor no país.

Segundo dados Ministério da Saúde, do dia 13 de abril, a pasta informou ter distribuído aos estados pouco mais de 1 milhão de kits de testes rápidos, número ainda insuficiente para uma testagem em massa da população.

Hoje Teich disse que quer juntar as informações da saúde e de outros ministérios para “olhar o que está faltando e desenhar um programa para que a gente entenda o que está acontecendo. O problema do desconhecimento é porque as suas decisões são mais do que se imagina, do que ter uma visão clara do que vai acontecer na frente”.

Teich ressaltou que quer trabalhar integrado diariamente com os demais ministérios e com estados e municípios para dar agilidade na resposta de problemas que vão surgindo.

A busca por um remédio para o tratamento da covid-19 também está no radar do novo ministro. “Faremos uma avaliação precoce de como estão as pesquisas para, numa posição privilegiada de ministério, antecipar possíveis informações para que a gente consiga antecipar e ter acesso a medicamentos que vão ajudar nisso”, disse.

O foco do combate ao novo coronavírus, segundo Teich, é nas pessoas, sem descuidar da atenção para outros problemas de saúde da população e do período de novas doenças, como dengue e influenza. “Por mais que se fale em saúde e economia, não importa o que você falar, o final é sempre gente”, disse.

Perfil

O novo ministro da Saúde é médico oncologista e empresário do setor. É natural do Rio de Janeiro, formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), com especialização em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Também é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.

Teich chegou a atuar como consultor informal na campanha eleitoral de Bolsonaro, em 2018, e foi assessor no próprio Ministério da Saúde, entre setembro do ano passado e janeiro deste ano.
 

Edição: Juliana Andrade