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Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Reunião de Trabalho por videoconferência
Carmen Zanotto afirmou que a medida é necessária para evitar colapso no sistema de saúde

Deputados da comissão externa da Câmara que está discutindo medidas para combater a Covid-19 defenderam nesta quarta-feira (25) o distanciamento social para impedir o avanço da doença.

Relatora do colegiado, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), afirmou que a medida é necessária para evitar um colapso no sistema de saúde. “Medidas se fazem necessárias para minimizar os efeitos de um sistema de saúde que vem sofrendo há muito tempo com a baixa remuneração, não temos UTIs equipadas como precisaríamos.”

Essa foi a primeira reunião da comissão com uso de videoconferência e seguindo orientação de distanciamento entre os deputados.

Sem citar o pronunciamento de ontem do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR) pediu que as pessoas continuem o isolamento. “Ontem quando se colocou que isso é uma gripezinha, a Índia fez o isolamento de um bilhão de pessoas e o maior evento da Terra, que são as Olimpíadas, foi adiado para o próximo ano”, destacou. Segundo ele, que é presidente da Frente Parlamentar Mista da Medicina, o isolamento é a forma mais eficaz para evitar um crescimento exponencial de infectados e mortos.

Zanotto também criticou o fato de o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, ter retornado ao trabalho mesmo estando infectado com o vírus.”Se uma autoridade pode voltar a trabalhar infectado isso é falta de comando”, afirmou.

Ela também pediu mais celeridade nas votações das propostas tanto na Câmara quanto no Senado para garantir respostas mais eficazes à epidemia. “Não podemos perder nenhum pedido ou demanda”, disse.

Moção
A comissão aprovou pedido de moção a favor do ministro da Saúde, Luiz Mandetta, e secretários estaduais por suas ações no combate à pandemia no Brasil. Muitos deputados criticaram o pronunciamento do presidente da República Jair Bolsonaro desta terça-feira (24) à noite. Bolsonaro defendeu o fim do isolamento e a volta à normalidade, com regras mais brandas de isolamento restrita a grupos de risco. Essas indicações são contrárias às medidas que alguns estados têm adotado.

Em coletiva, realizada à tarde, porém, o ministro Mandetta endossou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro e criticou medidas de restrições de circulação por causa da pandemia de coronavírus.

Mandetta falou em racionalidade e afirmou que as determinações sobre quarentena foram feitas de forma desorganizadas, precipitadas e ocorreram muito cedo. Ele defendeu que haja melhores critérios conversados entre o Ministério da Saúde e governadores.

Unidade
O presidente da comissão externa, Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), cobrou mais unidade de ações entre União, estados e municípios. “Na discussão do formato de isolamento acho que precisamos de todos os entes mais maturidade. Há cizânia entre governo federal, estados e municípios. Precisamos acertar em conjunto”, afirmou Teixeira Jr.

O deputado Osmar Terra (MDB-RS), porém, ressaltou que não há contradição entre o pronunciamento de Bolsonaro e as ações do Ministério da Saúde. “Em nenhum momento o ministro propôs fechar escola, loja, shopping. O que ele falou é que quanto mais exames, melhor. A Coreia do Sul não fechou nenhum barzinho, nem nada e tem alguns dos melhores índices”, afirmou. Ele defendeu o chamado isolamento vertical, restrito para pessoas do grupo de risco como idosos ou doentes crônicos.

Segundo Terra, não existe nenhum trabalho acadêmico comprovado cientificamente que o chamado lockdown (isolamento completo e fechamento de serviços e comércio em geral) realmente achate a curva de infectados. “O presidente foi corajoso porque foi contra maré política.”

Indústria de guerra
Para o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), é preciso construir uma indústria de guerra contra o coronavírus, para direcionar esforços contra a pandemia. “Nesse momento precisamos fazer um grande esforço para a indústria ser direcionada para a saúde pública”, afirmou.

O deputado afirmou que, por exemplo, as indústrias de bebidas podem focar na produção de álcool em gel e a automobilística para respiradouros. “Estão querendo criar uma oposição entre salvar vidas ou deixar a economia funcionando. Uma indústria de guerra vai permitir que a gente salve vidas e a economia continue funcionando”, disse Padilha. Ele criticou o que chamou de “terraplanismo sanitário” do discurso de Bolsonaro.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Geórgia Moraes