Com uma população de quase 3 milhões de habitantes, o Distrito Federal possui apenas 444 câmeras de vigilância instaladas em área pública (Veja locais). Especialistas em segurança consideram o quantitativo baixo para garantir proteção de brasilienses e efetividade em ações policiais. Mas, o governo garante que até o fim do ano, o número de aparelhos de gravação pode mais do que dobrar, aumentando para 968. Serão instalados mais 315 equipamentos guardados desde 2013 e, se houver necessidade, adquiridos mais 200.
Ao todo, são 453 câmeras fixadas no alto, das quais 444 fazem gravação de imagens em tempo real. No início do ano passado, apenas 72 funcionavam (Leia memória). No fim de 2018, no entanto, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) reativou 98% delas. As outras nove restantes voltarão a funcionar até dezembro, garante a pasta. “Uma delas, por exemplo, está colocada em rede de alta-tensão. Temos que colocar um transformador e essa segunda etapa ficou para 2019”, explicou o chefe da Unidade de Tecnologia da Informação e Comunicação do órgão, Daniel Russo.
Em dezembro, a SSP-DF fez uma licitação para contratar empresa de instalação. Além de colocar todas as 453 em funcionamento, a pasta garante que vai fixar mais 315 câmeras encaixotadas. “Instalar não é só colocar a câmera em cima do poste. É necessário instalar fibra-ótica, negociar o poste com a CEB (Companhia Energética de Brasília) e realizar projeto de engenharia”, ressaltou Daniel.
O novo contrato também prevê a aquisição de mais 200 câmeras, se for necessário. A ideia, portanto, é que até o fim do ano quase mil estejam em operação. “À medida que os mapas de crimes indicarem necessidade de instalação de monitoramento, poderemos adicionar mais 200. Não fizemos um contrato de compra desses equipamentos, mas registramos o preço válido por um ano, caso haja necessidade”, esclareceu Daniel.
Os locais de instalação das câmeras de monitoramento são definidos por meio de estudos que indicam as áreas com alta incidência criminal. Na área central de Brasília, há 138 câmeras de vigilância. Elas estão instaladas em pontos estratégicos, como na Rodoviária do Plano Piloto, Torre de TV, Esplanada dos Ministérios e ao longo do Eixo Monumental.
Tempo de resposta
As imagens são monitoradas por policiais no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob). Mas, na avaliação do consultor internacional de segurança e coronel da Polícia Militar Leonardo Sant’Anna, a quantidade de câmeras é reduzido se comparado à população do Distrito Federal. “O fato de simplesmente colocar uma câmera em área pública não garante segurança. Essa relação está muito mais associada à qualidade da informação, porque os equipamentos cobrem apenas uma porção da cidade”, explicou.
Ele ainda detalhou que não existe um tempo de resposta das forças policiais a partir do que é demonstrado em imagens em tempo real. “Quando se fala em tempo de resposta há muito mais uma associação da qualidade da informação”, destacou.
Na visão do oficial, o resultado também depende de participação social. “Ainda temos um pensamento de que câmeras precisam estar vinculadas exclusivamente à observação do Estado. Mas existem sistemas que podem ser compartilhados entre cidadãos comuns, aos moldes do que faz São Paulo. O comerciante que utiliza equipamentos de gravação disponibiliza as imagens para bases do estado”, reforçou.
Sensação de segurança
A sensação de segurança com as câmeras, no entanto, divide a opinião da população na área central. Para alguns, o equipamento ajuda na hora da identificação de suspeitos. Mas, para outros, o aparelho eletrônico não inibe a ação do bandido. Na visão do analista de sistemas Dionísio Pereira, 48 anos, para ter efetividade é necessário policiamento, vigilância física e virtual. “Só a imagem registra como prova, mas não intimida nem substitui a presença do policial”, considerou.
A professora Tainara Aline Moreira, 25 anos, também acredita que só a gravação da imagem não inibe o crime. “São constantes os assaltos com faca que a gente fica sabendo aqui mesmo na rodoviária. Não adianta ter uma câmera sem policiamento, principalmente à noite”, reclamou.
Mas, para a comerciante Ruanne Lira, 31 anos, as câmeras fazem diferença se estiverem em funcionamento. “Ajuda na segurança, por exemplo, na hora de identificar um criminoso e saber quais as circunstâncias da ação”, destacou.
O eletricista Dilson Lopes, 51, reforça que os equipamentos são aliados na hora do combate ao crime. “A pessoa sabe que está sendo monitorada. O pior é se não tivesse a câmera. O problema é que não adianta ter os aparelhos instalados, se eles de fato não funcionarem”, destacou.
Distribuição
Confira os locais onde funcionam as 444 câmeras
» Águas Claras e Areal – 36
» Brasília – 93
» Ceilândia – 54
» Rodovias do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) – 59
» Recanto das Emas – 32
» Riacho Fundo I – 29
» Riacho Fundo II – 16
» Samambaia – 32
» Taguatinga – 81
» Câmeras usadas para eventos – 12
Fonte: Jornal Correio Braziliense