Moro defende chefe da PF e admite reveses no combate à corrupção

Ministro afirma, no entanto, que vê avanços do governo Bolsonaro na área

Após ter seu poder contestado pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, defendeu nesta terça-feira, 27, o trabalho do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, disse que Bolsonaro tem “compromisso” com o combate à corrupção, mas admitiu “reveses”, sem detalhar a que se referia.  

“O presidente Jair Bolsonaro tem um compromisso com prevenção e combate à corrupção. Esse foi um dos temas centrais que me levaram a aceitar esse convite, e eu creio que o governo tem avançado nessa área”, disse Moro, na abertura do seminário Métodos de Combate à Corrupção, organizado pela Polícia Federal e realizado no Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Claro que às vezes há alguns reveses, mas nós temos avançado no enfrentamento da corrupção”, acrescentou.

A defesa pública vem em meio a questionamentos de dentro da Polícia Federal e da Receita Federal sobre tentativas do presidente de interferir nos órgãos de controle. Na sexta-feira, 23, um antigo aliado de Moro, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol, disse em entrevista à Gazeta do Povo que Bolsonaro está se distanciando da pauta de combate à corrupção. O presidente também está sendo pressionado por parlamentares de seu partido, o PSL, e pelo próprio Moro para vetar artigos do projeto de lei de abuso de autoridade.

No evento, o ministro também defendeu o diretor-geral da Polícia Federal, ao afirmar que Valeixo tem feito “um trabalho extraordinário à frente da PF”. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro falou publicamente na possibilidade de demitir o diretor-geral, após a reação negativa por parte da corporação com a possibilidade de interferência política na indicação de superintendentes. “Se eu não posso trocar o superintendente, vou trocar o diretor-geral”, disse Bolsonaro na ocasião. 

Reveses

Desde que assumiu o cargo, Moro sofreu alguns reveses, como a transferência do Conselho de Controle de Administração Financeira (Coaf) para o Ministério da Economia, e o seu pacote anticrime, que reúne iniciativas para endurecer a legislação penal do País, mas não recebeu o respaldo do governo para ver votada como celeridade no Congresso.

O ministro e equipe, contudo, entendem que é preciso seguir o trabalho e que bons resultados podem ser alcançados no combate à criminalidade. Um dos principais auxiliares diz que Moro tem serenidade, equilíbrio e a pasta está unida com ele. 

No seminário em Brasília, Moro disse também que, no combate à corrupção, é preciso atuação dos Estados e fiscalizar também os “vigilantes”, para impedir que se corrompam os próprios policiais, membros do Ministério Público e auditores. “Precisamos ter integralidade máxima dentro dos órgãos de controle e fiscalização. Estamos tentando no MJSP desenvolver mecanismos para aprimorar corregedorias e fiscalização no âmbito das polícias”, disse.

Informações do Jornal O Estado de São Paulo/Estadão