Até pouco tempo poucos conheciam o “mentor” de Bolsonaro e suas ideias. Apontado como o mentor intelectual do Bolsonarismo, o professor Olavo de Carvalho diz com todas as letras e palavrões que não está otimista com os rumos do governo e do pais.
Segundo o Jornal Correio Braziliense, ele acusa diretamente militares e mídia brasileira de cerco ao presidente Jair Bolsonaro, num ambiente golpista, citando inclusive, o vice-presidente Hamilton Mourão. Num determinado momento, chega a usar a expressão “um bando de milico cagão”. E projeta um futuro sombrio, se nada for feito:
“Se tudo continuar como está, está mal. E se continuar como está por mais seis meses e acabou. Primeira coisa, um cidadão que não tem os direitos humanos elementares está na maior impotência. E essa é a situação do nosso presidente. Ele não tem o direito de se defender na Justiça quando atribuem crimes a ele. É horrível o que estão fazendo com ele. É ditadura. É opressão. É um homem sozinho. Não pode confiar naqueles que o cercam e nem na mídia”, diz, para, mais à frente, arrematar:
“Essa concepção, que é a do Mourão, é uma concepção golpista. Onde isso vai dar, não sei, não estou em Brasília. Mas é grave, é claro que é grave. Estou com c na mão pelo Brasil, não por mim”, diz.
Ainda segundo o Jornal Correio Braziliense, ele especula __ e diz que é uma especulação apenas _ que os militares queriam restaurar o regime de 64, sob aspecto democrático.
“Então, eles estão governando e usando o Bolsonaro como camisinha. Isso é o que eles querem. O Mourão disse, ‘voltamos ao poder por via democrática. Como, se quem está no poder é o Bolsonaro e não vocês?’ Agora, ele (Mourão) acha que estão no poder, então isso o que é? É golpe. Se não é golpe, é uma mentalidade golpista”, completa.
O professor cita o presidente como “um grande homem uma personalidade notável, cercado de traidores”. E emenda: “Você acha que o Exército inteiro foi ele que escolheu, é? Tá brincando comigo? Oficialmente, sim. Esse é o outro problema de jornalista, tornar o aspecto oficial como real e não é. Não é possível que Bolsonaro tenha pessoalmente escolhido quase 200 generais. Não é possível! Foram 200 generais que o escolheram”.
A matéria ainda traz que as declarações do filósofo e professor foram feitas logo depois da exibição do documentário “O Jardim das Aflições”, no hotel Trump International. Numa fala, dentro da sala de projeção, ele já havia feito considerações a respeito da sua decepção como o rumo das coisas, repetidas, depois do lado de fora:
“Metade do que a mídia escreveu contra ele já daria 100 anos de cadeia (para os jornalistas), porque são crimes: ‘Bolsonaro é culpado do massacre de Suzano, da morte de Marielle’. Como pode escrever um treco desses e ele não reage? Não reage porque aquele bando de milico que o cerca, é tudo um bando de cagão que tem medo da mídia. Por que eles têm medo? Quando terminou a ditadura militar, eles estavam todos queimados com a mídia, começaram a ter aulas de como tratar a mídia. E ficaram bonzinhos com a mídia. O que o Bolsonaro tem a ver com isso? Nada, mas paga por eles”,comenta Olavo, num desabafo logo após a exibição do filme.
Perguntado, ele falou ainda sobre a situação do ministro da Educação, Ricardo Velez.
“Bolsonaro queria que eu fosse ministro, eu não aceitei. Indiquei o Velez. Falei com ele (Velez) duas vezes, uma para cumprimentá-lo outra pra mandar enfiar o ministério no c..”.
Olavo é bastante incisivo ao dizer que não precisa e nem quer ter influência no governo e reafirmou que pediu a seus alunos que saíssem do Ministério:
“Estou tentando formar uma geração de intelectuais sérios. Esse é o meu sonho”, diz, emendando mais à frente na conversa com o blog e um grupo de jornalistas no lobby do hotel: “Isso é muito pequeno, muito vil, muito miserável para um homem como eu. Eu vou lá ligar para o governo? O governo que se f… Sou Olavo de Carvalho, não preciso do governo. Eu não sou cargo, sou Olavo de Carvalho. Sou a minha voz, a voz do meu coração. Eles são um cargo falando. Gente medíocre, baixa. O problema do Brasil não é esquerda, direita. É essa baixeza”, completa, referindo-se a duas pessoas, o diplomata Paulo Roberto Almeida, demitido pelo chanceler Ernesto Araújo, e o coronel Ricardo Roquetti, afastado do Ministério da Educação por ordem de Jair Bolsonaro.
O professor mencionou ainda que jamais fez um desabafo assim tão contundente para os Bolsonaros. Para o presidente, ele alertou:
“Eu já disse, quando (os jornais) mentirem contra você processe-os. É um direito que você tem. Só que ele, como presidente não pode processar ninguém, sem consultar seus assessores, e eles vão dizer, não presidente não brigue com a mídia, Dispensaram os jornalistas de cumprirem a lei”.
Nem mesmo para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ele foi tão incisivo. Eduardo estava na exibição do documentário há algumas horas. Depois, seguiram um jantar num dos restaurantes do Trump International. Antes de subir para o jantar, Eduardo mencionou:
“Olavo é um crítico do governo, não é a pretensão de … Não vejo golpismo. Pode até haver discussões internas (sobre temas variados) no governo, o que é normal, mas não vejo golpe”, disse ele, que ontem ganhou de presente um boné verde, com as letras em amarelo “Make Brazil great again”.
Informações do Blog da Denise do Jornal Correio Braziliense