O governador de São Paulo, João Doria, encaminhou hoje (18) para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) a proposta de antecipar o feriado estadual de 9 de julho para o dia 25, segunda-feira. A medida, caso aprovada pelos deputados estaduais, valerá para todo o estado de São Paulo.

O objetivo do governador é aumentar a taxa de isolamento no estado, que tem ficado abaixo das expectativas, só aumentando nos feriados e finais de semana. Ontem (17), a taxa de isolamento foi de 54%, abaixo do mínimo considerado necessário de 55% para diminuir a propagação do novo coronavírus (covid-19) e evitar um colapso no sistema de saúde.

“A expectativa é de que o projeto possa ser analisado em regime de urgência e possa ter a aprovação majoritária dos deputados da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo”, disse Doria.

Prefeitura

Para aumentar o isolamento social na cidade de São Paulo, o prefeito Bruno Covas também propôs à Câmara Municipal para antecipar dois feriados municipais: o de Corpus Christi, em junho, e o da Consciência Negra, em novembro, para que ocorram ainda nesta semana, na quarta-feira (20) e quinta-feira (21). Com a medida, a cidade de São Paulo teria um feriado prolongado, começando na quarta-feira e terminando na segunda-feira (25), com a sexta-feira (22) de ponto facultativo. A votação dos feriados municipais na Câmara Municipal está prevista para ocorrer ainda hoje (18), a partir das 15h.

“Com essa decisão, teremos um período mais prolongado de feriados e, com isso, desejamos ter índices [de isolamento] semelhantes ao dos demais feriados e aos finais de semana”, disse Doria.

O governador recomendou que prefeitos do estado também repitam o gesto do prefeito Bruno Covas para antecipar seus feriados municipais.

Com a antecipação dos feriados, tentando aumentar o índice de isolamento, os governos de Doria e Covas buscam evitar a decretação do lockdown, medida mais rígida e restritiva de isolamento. Segundo Doria, o protocolo para decretar o lockdown já está pronto, mas ainda não deve ser adotado no estado. “Não estamos decretando o lockdown e nem recomendando. Temos o protocolo para isso. Mas esta iminência não existe nesse momento. Estamos tentando todas as alternativas possíveis para viabilizar o achatamento desta curva, utilizando todos os mecanismos, inclusive esse de extensão de feriados para alcançar bons índices [de isolamento], obtidos nos feriados e finais de semana”, disse.

Segundo o prefeito Bruno Covas, a prefeitura tem feito um esforço em aumentar o número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) e de enfermaria. A taxa de ocupação de leitos têm sido alta, de 76% em leitos de enfermaria e de 91% em leitos de UTI, o que demonstra que os hospitais municipais ainda estão conseguindo atender os pacientes que precisam de internação por causa do coronavírus. Mas próximo da beira de um colapso, o que pode fazer com que nem todos os pacientes consigam ser atendidos nos hospitais.

“De cada dez pessoas que conseguem tratamento aqui na cidade de São Paulo, conseguimos salvar nove vidas. Uma recuperação de 90% das pessoas que conseguem tratamento. Toda nossa preocupação em aumentar o isolamento social é para não deixar que todo mundo fique doente ao mesmo tempo e para que não tenhamos que lotar nosso sistema de saúde”, disse o prefeito.

O estado de São Paulo tem, até o momento, 63.006 casos confirmados do novo coronavírus, com 4.823 óbitos. A ocupação de leitos no estado está em torno de 69,8%, mas já é crítica na Grande São Paulo, girando em torno de 89,3%.

Cloroquina

O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Dimas Covas, alertou hoje (18) que a cloroquina é um medicamento com muitas contra-indicações e que só deve ser receitado em alguns casos, sob prescrição médica e autorização do paciente.

“Hoje já tem quantidade importante de estudos publicados, em revistas conceituadas, que mostram claramente que a cloroquina não é uma bala de prata. Ela pode ser útil em situações muito específicas, mas não tem efeito generalizado. Mas ela tem riscos que precisam ser informados ao paciente”, disse.

Segundo o governador de São Paulo, João Doria, caso o protocolo para uso da cloroquina sofra alterações, sendo autorizada também para casos leves do novo coronavírus, São Paulo pode não adotar a medida. “Não se prescreve receita [médica] por decreto. Portanto, São Paulo não vai aceitar que, por decreto, se estabeleça receituário médico”.

Demandas

João Doria reclamou do atraso na liberação de equipamentos de proteção individual (EPIs), respiradores e habilitação de leitos pelo Ministério da Saúde. Segundo ele, metade dos leitos já foi habilitado pelo Ministério da Saúde, mas ainda há 1,2 mil leitos aguardando para serem habilitados. “Dos EPIs, não recebemos nada do Ministério da Saúde, e também dos 200 respiradores que pedimos, não recebemos nenhum. Isso nos surpreende”, disse Doria.