.

 

Roberto Parizotti
Saúde - doenças - coronavírus motoboys delivery entregas quarentena prevenção pandemia epidemia transporte economia consumidor comércio virtual recessão crise contaminação contágio (Avenida Paulista sem pedestres; apenas entregadores de comida motoboys ifood)
Avenida Paulista quase deserta por causa do isolamento social

O pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta terça-feira, pedindo o fim do isolamento em razão do coronavírus e a volta à normalidade gerou controvérsias na Câmara dos Deputados.

Ontem à noite, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já havia criticado o pronunciamento. Maia afirmou, por meio das redes sociais, que a fala de Bolsonaro foi equivocada ao atacar a imprensa, os governadores e os especialistas em saúde pública.

Nesta quarta-feira (25), pela manhã, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente da República repetiu o tom do pronunciamento feito à noite em cadeia de rádio e TV e disse que vai falar com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para o isolamento no País ser vertical, ou seja, destinado apenas aos grupos de risco.

“Histeria coletiva”
No Twitter, o líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), elogiou Bolsonaro, dizendo que ele defendeu a preservação dos empregos e se mostrou um estadista com coragem de ir na “contramão da histeria coletiva construída sem critérios racionais”. A deputada Caroline de Toni (PSL-SC) também afirmou que os danos econômicos do isolamento social podem ser muito piores dos que as consequências da volta à normalidade.

YouTube TV Brasil
Em pronunciamento na TV, Bolsonaro defende o isolamento apenas de quem está no grupo de risco

O deputado Osmar Terra (MDB-RS), que foi ministro da Cidadania e é médico, também defendeu Bolsonaro. Terra tem afirmado que a pandemia do novo coronavírus vai matar menos gente que a gripe H1N1 e que 99% das pessoas terão sintomas leves ou nenhum sintoma. Ele diz que apenas grupos de risco devem ser isolados.

“Proibir a praia! Onde é que já se viu proibir as pessoas de ir à praia. O contágio é quase zero. Proibir as pessoas de caminhar na rua. Isso não tem cabimento. Os governadores estão tomando medidas cada vez mais radicais. O prefeito para não ficar pra trás também toma medidas radicais… Isso é que vai destruir a economia”, criticou Terra. “O governo não tem caixa para ficar sustentando todo mundo!”

Desprezo pela população
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) seguiu na direção de Rodrigo Maia e criticou especialmente a maneira, segundo ele, jocosa com a qual o presidente Jair Bolsonaro se referiu às medidas que vêm sendo tomadas, afirmando novamente que é apenas uma “gripezinha”.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) também disse que a fala de Bolsonaro revela desprezo pela população. “Ele demonstra com isso um desprezo profundo pela vida das pessoas. Ele está preocupado com o número da economia que vai sair do governo dele no fim do ano. E não está pensando na vida das pessoas. É uma tristeza profunda para o País descobrir que, neste momento, não tem presidente, não tem um líder”, criticou Molon.

O que diz a OMS
A Organização Mundial da Saúde tem defendido medidas duras de isolamento social para que os sistemas de saúde não entrem em colapso por meio de picos muito altos de infectados graves.

Recentemente a instituição afirmou que não são apenas os idosos e as pessoas com doenças preexistentes que estão tendo que ser auxiliados por aparelhos de respiração. A Sociedade Brasileira de Infectologia também divulgou nota, afirmando que “ficar em casa” é a resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras neste momento.

Reportagem – Silvia Mugnatto
Edição – Natalia Doederlein