Um esquema criminoso, envolvendo policiais e outros servidores públicos, está — direta ou indiretamente — por trás de tragédias recentes envolvendo a negociação de imóveis construídos de forma ilegal que, às vezes, tem a própria milícia como “incorporadora”.
Escutas telefônicas que fazem parte de uma investigação sobre a atuação do grupo de paramilitares que controla parte da Zona Oeste, obtidas pelo GLOBO, revelam que os negócios rendem mais de R$ 4 milhões por prédio em comunidades como Rio das Pedras, onde duas pessoas morreram num desmoronamento na quinta-feira, e na vizinha Muzema, que, em caso semelhante ocorrido em abril de 2019, foi palco da morte de 24 moradores.
As duas favelas são dominadas pela mesma quadrilha de milicianos.
Os diálogos, que constam de investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual, revelam que a milícia conta com a cumplicidade de policiais civis, militares, funcionários da prefeitura e até de um juiz para a negociação de empreendimentos, erguidos sem um engenheiro responsável ou licença da prefeitura.