Todas as vezes que observamos as análises de produtividade das forças policiais nas coletivas de segurança pública deveríamos relembrar os ensinamentos de Jack R. Greene, no livro Administração do Trabalho policial e refletir o quanto o “teatro político” inverte alguns conceitos.
Para Greene “as detenções são apenas um indicador da produtividade policial de controle do crime”. Para ele, “o ethos ocupacional dos policiais considera as prisões como algo que realizam quando fracassam em seu dever principal, que é a prevenção do crime.” Ele afirma ainda que “a principal manifestação operacional é a ronda ostensiva. Uma tática proativa destinada a tornar a polícia onipresente e, portanto, deter a criminalidade.”
Ao analisar a produtividade das forças de segurança, somos induzidos a delimitar o trabalho delas, fazendo um recorte de sua atuação. A produtividade da PMDF, por exemplo, nos remonta a pensar que no primeiro semestre de 2017 a corporação focou seus esforços em:
1) Recuperar veículos; 2) Recuperar celulares; 3) Fazer autuações em trânsito por alcoolemia; 4) Apreender armas de fogo; 5) Prender pessoas.
Já a Polícia Civil aparenta “produzir” muito mais que a PMDF, pois os números apresentados pela Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social são muito mais “robustos”. O que é justificável por sua função “cartorial”. Segundo os dados apresentados a PCDF canalizou seus esforços para:
1) Prisões em flagrantes de adultos; Neste caso não fica claro se já estão incluídos os 7.197 presos apresentados pela PMDF; 2) Prisões por meio de mandado de prisão; 3) Apreensões de menores em flagrante; 4) Apreensões de menores por Mandado de Busca e Apreensão; 5) Condução de Inquéritos policiais; 6) Confecções de Termo Circunstanciado; 7) Condução de procedimento de apuração de ato infracional.
Quando analisamos os números apresentados pelo Corpo de Bombeiros a análise fica mais interessante, pois pelos números o Corpo de Bombeiros além de atuar no Combate a incêndios, vistorias e socorro de emergência, também faz “marketing social”, o que chamamos na segurança pública de “policiamento comunitário”, números que a PMDF ignora em sua prestação de contas.
O “Marketing social” feito pelo Corpo de Bombeiros aumenta sua credibilidade e fortalece sua imagem. Mesmo tendo alta aceitação não deixam de executar projetos tais como: Bombeiro amigo, Bombeiro Mirim, Aleitamento Materno, Caminhando com a Saúde, Bombeiros nas Quadras, dentre outros projetos que fortalecem a imagem institucional.
Ao analisar os dados referentes ao Detran, também é possível verificar a vocação administrativa do órgão e qual foi seu foco no primeiro semestre de 2017. É perceptível que o DETRAN foca em “educação” e “fiscalização”. Um ponto interessante é que a PMDF autuou 1508 condutores em casos de alcoolemia e o DETRAN autuou 1.593 condutores, praticamente a mesma produtividade. Importante verificar se nos números do DETRAN, não constam as autuações da PMDF.
Um ponto que chama a atenção e não fica claro é a redução de mortes entrarem na estatísticas do DETRAN como um resultado exclusivamente deles. Um dos grandes produtos de marketing em campanhas é a redução de mortes estar ligada a “lei seca”, mas os números demonstram que Detran e PMDF tem a mesma produção no que se refere a retirada de condutores alcoolizados da vias do DF.