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“O maior desafio é conviver em grupo”, ensina Luciana Araújo, vencedora do ‘No Limite 4’

 

 

É isso mesmo: Goiás é bicampeão do primeiro reality show de sucesso do Brasil. De quatro edições de No Limite, baseado no original americano Survivor, duas foram conquistadas por conterrâneos. O programa foi um marco para a televisão brasileira. Com uma mega produção, no início dos anos 2000, chegou a ter 300 integrantes na equipe. Leo Rassi e Luciana Araújo trouxeram os títulos nas edições de 2001 e 2009, respectivamente.

Campeã da quarta edição, gravada em Flecheiras (CE), Luciana Araújo, 50 anos, ganhou a maioria dos votos do júri e levou para casa R$ 500 mil. Na época do programa, Luciana atuava como ajudante de ordem da então primeira dama do Estado Raquel Rodrigues, cedida pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. A ideia de participar do reality veio do Comandante-geral da corporação, que sugeriu que ela participasse da seleção do programa. Após passar por várias etapas, ela foi selecionada e encarou o desafio.

 

Qual foi seu maior desafio físico durante o programa?
No Limite vai além de um programa de sobrevivência. Passamos por muitas provas que exigiam resistência, força e agilidade. Uma prova que me marcou foi a que venci, após passar cerca de cinco horas de cócoras em dois troncos que estavam a uma altura aproximada de 60 centímetros e atrás de nossas costas havia uma vareta que a qualquer movimento do corpo ela caía e o participante era eliminado. Boa parte dos participantes saiu com dez minutos e o restante com cerca de uma hora. Somente eu e um concorrente da equipe adversária seguimos em frente buscando a vitória. Quando ele caiu, eu tentei me levantar e já não sentia minhas pernas. Foi emocionante vencer a prova.

E o maior desafio psicológico?
O maior desafio psicológico, sem dúvida é a convivência em grupo, as articulações e alianças que precisamos fazer para seguir em frente, fui muitas vezes para Portal (uma espécie de “paredão” do programa) e é muito desgastante passar por isto.

Qual foi o momento mais marcante para você?
Com certeza foi quando venci, estava exausta, dias dormindo pouco e muitas situações difíceis entre os participantes. Demorou para cair a ficha, mas foi uma sensação incrível. Afinal, foram 67 dias de sobrevivência e eu venci.

As provas com comidas exóticas deixavam o público impactado, como foi isso para você?
A prova da comida não é só a prova mais esperadas pelas pessoas aqui fora, mas é também a prova mais esperada pelos participantes, devido à emoção que tem por trás. Nesse dia, eu estava com o facão na mão tentando descascar um coco e eles soltaram um rojão. Na hora me assustei e acabei cortando abaixo do meu dedo polegar, então eu peguei a bandana e envolvi no meu dedo apertando. Andamos por cerca de uma hora e meia para o local dessa prova. Quando eu cheguei lá, como eu estava sem comer (ia comer o coco) e estava perdendo sangue, comecei a ficar branca e a querer desmaiar. Abaixei a cabeça e fiquei calma e consegui controlar. O primeiro desafio foi comer dois olhos de cabra, precisava mastigá-los, estourar na boca e deixar o sangue sair na boca, depois disso precisava comer três peixinhos vivos, não podia mastigar, tinha que engolir. Mas o mais complicado foi a última etapa, que seria comer dois ovos galados.

Como foi?
Dentro do ovo tinha o pintinho com biquinho e penugem, ele estava formadinho e precisava mastigar e engolir. Só que para essa última prova cada equipe adversária escolheria dois participantes da outra equipe para realizá-la. Então nós buscamos quem estava com mais dificuldade para comer o olho de cabra e o peixe para poder colocá-los na prova. A outra equipe também fez a mesma coisa. Como eu fiz cara boa para comer o olho de cabra (risos), não me escolheram. Foi muito difícil, você não faz ideia, o cheiro era horroroso e muito forte. Cada participante precisava comer dois. Nessa prova minha equipe perdeu. Depois disso eu voltei mais uma hora e meia caminhando e eles deixaram um médico fazer sutura de seis pontos no meu dedo.

Você foi recebida com muita festa em Goiás quando venceu, desfilou em um carro dos Bombeiros e jantou com o governador. Como foi?
Fiquei bastante emocionada com o carinho que recebi quando cheguei. Como ficamos fora de toda forma de contato social, eu estava com muita saudade de todos. Foi o momento em que pude ver meus pais e familiares, meus amigos da corporação, andar no carro dos bombeiros com a sirene ligada e ver as pessoas na rua. Fui recebida pelo governador e a primeira dama. Quando eu fui para o programa, eu já trabalhava com eles e me receberam com muita alegria.

A que você atribui a sua vitória, qual tipo de preparação que te levou a esse nível?
Sim, sempre acreditei. E olha que lá dentro foram muitas adversidades. Fui a pessoa que mais foi para o Portal, queriam me tirar a cada vez que voltava. Mas, sempre acontecia algo momento antes e eu seguia em frente.

O que você achou do elenco dessa edição? Tem alguma dica?
Achei interessante a escolha de ex-BBBs, penso que a adaptação será difícil, pois participaram de um programa que tem muito conforto, mimos, festas, muita comida. Já o No Limite é tudo muito difícil. Não tem cama, você dorme no chão, não tem banheiro, pasta dental, xampu, cremes, maquiagem, espelho, chuveiro, roupas novas. Além de muitos animais silvestres como cobra, lagarto e perereca. A comida é muito regrada, eles vão sentir muita fome. A dica é manter o foco independente das adversidades e buscar um bom convívio dentro das tribos.

Você participaria de outro reality show desse estilo?
Pergunta difícil. Gosto muito de aventuras. Mas, são várias coisas para analisar e a distância da família pesaria para mim por agora.

O que o programa deixou na sua vida?
Que é muito importante você ter foco e determinação em tudo. Fazer com muito amor, muito empenho, que com certeza você vai alcançar bons resultados. Eu busco trazer isso para o meu dia a dia. Sou uma pessoa muito empolgada para fazer as coisas, eu não desisto.