Certa ocasião, em sala de aula, perguntei aos militares se eles tinham algum tipo de cuidado com sua saúde mental. Para minha surpresa alguns responderam: “Não, professora, aqui não tem ninguém QBU não”. Outros franziram a testa, numa expressão facial do tipo “Por que ela está nos perguntando isso?” Então percebi que seria necessário fazer uma explicação sobre a Saúde Mental de forma mais ampla, buscando desmistificar a temática, visando alcançar os mecanismos de prevenção e autocuidado.

 

O termo Saúde Mental já foi muito estigmatizado no passado, sendo principalmente associado às pessoas portadoras de transtornos mentais. Ao longo da história esse conceito vem sendo rompido e, atualmente, está relacionada com uma forma peculiar de promoção de saúde focada na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

 

Nesse sentido, a saúde mental reflete a forma de enfrentamento dos problemas, frustrações e mudanças cotidianas, bem como a gestão das diversas emoções que circundam a pessoa. Ela busca estudar e compreender o ser humano em sua totalidade, orientando para a resolução de problemas afetivo-emocionais de forma assertiva, e também se dedica à assistência, cuidados e tratamentos para a pessoa em sofrimento mental.

 

Com essa pequena explicação, observei que os semblantes ficaram mais leves e tranquilos, ao ponto de alguns expressarem: “Agora sim, professora! Parece que serve para todos nós!”.

Isso mesmo! Os cuidados com a Saúde Mental é um dever individual, antes mesmo de ser algo coletivo ou institucional. Cada pessoa deve se observar, se autoconscientizar e agir buscando cuidar de si e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida.

 

Algumas orientações podem ajudar a criar uma rotina de cuidados com a Saúde Mental, cultivando fatores protetivos, não somente durante esse tempo de pandemia, mas para serem consolidadas durante toda a vida.

 

  1. Observe suas emoções, quais as mais e menos agradáveis, quando e como elas surgem, para que você aprenda a controlá-las.
  2. Busque estabelecer rotinas de atividades, tanto no trabalho como nas folgas.
  3. Planeje seu lazer dentro do que é possível no momento, com leituras, filmes, músicas, meditação, atividade religiosa.
  4. Procure retomar coisas que você gostava de fazer e acabou deixando de lado com o passar do tempo.
  5. Mantenha uma rotina de atividades físicas e alimentação saudável, evitando excessos.
  6. Evite uso abusivo de álcool e nicotina, pois apresentam uma falsa sensação de relaxamento e provocam dependência.
  7. Procure ter cuidados com o ciclo vigília – sono, compreendendo e respeitando as suas necessidades. Busque fazer uma adequada higiene do sono, melhorando a qualidade deste.
  8. Cultive e mantenha relações sociais saudáveis, mesmo à distancia utilizando os meios tecnológicos disponíveis. Essas relações constituem sua rede de apoio e ajudam na estabilidade emocional.
  9. Tente construir planos para o futuro, a curto e médio prazo, passiveis de serem realizados. Isso ajuda a estabelecer a autorrealização.
  10. Busque equilibrar emoções, cuidados com o corpo, relações interpessoais, capacidade de trabalho e descanso, de forma a criar um ambiente harmonioso em si mesmo.

 

Cada pessoa deve buscar cuidar de si em primeiro lugar, pois uma pessoa mentalmente equilibrada ajuda a organizar todo o ambiente psicológico em sua volta, seja na família, seja no trabalho. Dessa forma, estabelecer esse compromisso consigo mesmo leva a pessoa ao sentimento de autorrealização e bem-estar que a ajudará a ter uma Saúde Mental adequada e superar mais facilmente as adversidades e crises que, porventura, tenha que enfrentar. E caso você perceba que não consegue fazer isso sozinho, busque ajuda de um profissional psicólogo ou psiquiatra, que poderá auxiliá-lo na compreensão e organização dos cuidados com sua Saúde Mental, bem como o tratamento, se for o caso.

 

Autora: Letícia de Sousa Moreira – Major Psicóloga do NIAB – Doutora em Desenvolvimento Humano.