Entrevistado do CB Poder, delegado fala em fortalecimento da Polícia Civil

Fernando César Costa defendeu a super-coordenação de combate ao crime organizado, Cecor, e se disse contra o armamento da população

Chefe da Cecor, Fernando César Costa também se demonstrou esperançoso com a gestão de Moro a frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública (foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)

O delegado-chefe da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública (Cecor), Fernando César Costa, participou do programa CB Poder desta segunda-feira (21/1). A entrevista, feita por repórteres do Correio e da TV Brasília e veiculado pela emissora, abordou temas como o combate ao crime organizado na capital federal, a ação dessas facções no sistema penitenciário, o combate a todos os tipos de crime, incluindo administração pública e o programa SOS Segurança do GDF.
No ano passado, a Cecor efetuou 389 prisões, 434 mandados de busca e apreensão e apreendeu, ainda, 90 veículos. Entre os grupos investigados pela delegacia especializada está o bando que explodiu caixas eletrônicos do BRB no anexo do Palácio Buriti e outros no Lago Sul. Segundo Fernando César, esse grupo foi desarticulado. Os criminosos atuavam em Goiás e estenderam as atividades para o DF após se refugiar na região de São Sebastião.
Entre outras questões, Fernando César ressaltou a necessidade de investimento na polícia judiciária para ampliar os resultados de combate à criminalidade. Sobre a paridade salarial com a Polícia Federal, o delegado foi diplomático e tratou a questão como “uma página virada”.

“A expectativa é boa. A Polícia Civil dá a questão da paridade como solucionada. Mas a insatisfação não era só salarial. Falta efetivo, equipamentos necessários, isso precisa ser retomado para maximizarmos nossa atuação contra a criminalidade”, argumentou.

Facções criminosas

Sobre a atuação do crime organizado no DF, o delegado comentou o trabalho que a Polícia Civil faz desde a última rebelião no Complexo Penitenciário da Papuda, em 17 de agosto de 2000, que aconteceu no então Núcleo de Custódia e deixou 11 mortos.

“Desde então, a polícia civil vem fazendo um trabalho para evitar a instalação dessas facções. “Parte da ação veio com a criação da Cecor, uma divisão específica de combate a facções criminosas no DF e Entorno. E esse trabalho tem repercussão em outros estados uma vez que esses grupos têm atuação nacional”, observou.

Ainda segundo Fernando César, é importante a polícia atuar em conjunto com os órgãos de inteligência dos presídios para monitorar as ações de facções nesses locais. Ele também frisou que o trabalho da polícia judiciária aumenta com a presença de um presídio federal na localidade. Por outro lado, o entrevistado tranquilizou a população e disse que, no DF, existem poucos representantes de facções criminosas e que não são articulados.
Outro tema abordado na entrevista foi o de regalias a políticos e empresários presos na Papuda. Entre eles, Luiz Estevão, flagrado com pen-drives, remédios e uma tesoura guardados na cela. O empresário ainda tentou descartar os equipamentos eletrônicos na hora da batida. Fernando César destacou a importância do combate à concessão de regalias.

“Mostramos o quão nefasta é a concessão de benefícios a quem quer que seja. Se existe alguém proporcionando vantagens ilegais a um interno, porque não vai proporcionar a outro? Isso deixa o sistema penitenciário sem controle. Há uma necessidade de cuidados especiais com presos com poder político e criminosos comuns. Isso acabou originando uma das organizações criminosas que dominam o crime no Rio de Janeiro hoje”, ressaltou.

Política nacional

Fernando César também teceu comentários a respeito da facilitação da posse de arma, promessa de campanha do presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Sempre fui um defensor da política de desarmamento. Uma arma à disposição de um cidadão não resolve a criminalidade. Não traz segurança. Grande parte do armamento à disposição da criminalidade, vem de ações de furto e roubo de armas do cidadão comum. Acredito em um impacto de aumento nos crimes violentos. Espero que não mude a política em relação ao porte”, disse.

Sobre a gestão do ministro Sérgio Moro a frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o delegado se mostrou esperançoso. Disse esperar que, com a experiência como magistrado, Moro saiba atuar no combate ao crime organizado.

“Na minha atuação na Cecor, trabalhamos com polícias de vários estados. Tenho esperança que o ministro consiga, como juiz criminal que viu de  perto a necessidade de provas robustas para prisão de criminosos, um resgate das instituições para combater essas facções”, afirmou.

“Espero uma série de medidas para alteração da legislação penal. Não dá mais para admitir que criminosos não cumpram pena na cadeia. Isso gera reincidência”, completou.
Assista a entrevista na íntegra aqui.
Fonte: Jornal Correio Braziliense