Desde o dia 15 de março, pelo menos 61 guardas municipais de Curitiba foram afastados do serviço devido a doenças do aparelho respiratório. Destes, 14 encontram-se afastados neste momento. A informação é do Sindicato dos Servidores da Guarda Municipal de Curitiba (Sigmuc), obtida com base na lei de acesso a informação junto a Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos.
De acordo com o sindicato, não é possível saber se algum destes guardas estavam ou estão com o novo coronavírus já que só são feitos exames em casos graves.
“Os guardas estão expostos o tempo todo, na linha de frente, é preciso uma atenção da prefeitura. Como não há uma testagem ampla para o COVID-19 em Curitiba, a grande maioria dos Guardas Municipais, provavelmente, nem saberá se contraiu a doença, o que vem gerando grande apreensão na categoria”, diz a diretora do Sigmuc, Rejane Soldani.
Reclamações diárias são recebidas no sindicato, dando conta que estão sendo distribuídos poucos equipamentos de proteção, principalmente máscaras de proteção individual. A Prefeitura contesta versão de falta de testes e equipamentos de proteção
“Os guardas recebem máscaras de pano, que devem ser usadas no máximo por duas horas, para um plantão de 12 horas. Não tem condições”, completa a diretora.
O sindicato diz que vem distribuindo álcool gel, álcool 70, luvas e máscaras para os guardas. Ao todo, já foram mais de 267 frascos individuais de álcool gel, 60 litros de álcool 70%, 500 pares de luvas, 10 litros de sabonete líquido e 500 máscaras de tecido. “Tentamos protegê-los, mas não temos condições de arcar com esta responsabilidade que é do empregador, ou seja, a prefeitura”, diz a diretora.
Todas as reclamações estão sendo encaminhadas diretamente para a a Procuradoria do Município e para o Ministério Público do Trabalho, onde existe inquérito em curso para acompanhar o tratamento dispensado pelo Município de Curitiba, aos servidores municipais durante a Pandemia de Coronavírus.
Mortes de guardas já foram registradas em outras cidades
Na cidade de São Paulo, no início do mês de abril, 86 casos suspeitos de infecção pelo novo Coronavírus já haviam sido informados pela corporação. Nos últimos dias, dois guardas faleceram em decorrência da doença na capital paulista.
As Guardas Municipais da cidade de Cotia (SP), Fortaleza (CE) e Niterói (RJ), registraram 1(um) óbito respectivamente.
Prefeitura de Curitiba
Sobre a reclamação, a Prefeitura de Curitiba enviou a seguinte nota:
Até o momento, não há nenhum caso confirmado de covid-19 entre os guardas municipais de Curitiba. De acordo com a corporação, são 14 os servidores afastados temporariamente, com suspeita da doença.
Como medida preventiva adotada pela administração, para proteger os seus profissionais, 61 guardas foram afastados por tempo indeterminado não por apresentarem sintomas – e sim por integrarem o grupo de risco e terem doenças preexistentes. Esses profissionais saíram do trabalho operacional e integram a equipe administrativa.
EPIs
Desde o mês passado, materiais de proteção aos guardas foram comprados, distribuídos e outras aquisições continuam sendo feitas. Ainda em março, a Defesa Social adquiriu um grande estoque de luvas, máscaras e álcool em gel para os servidores. O material foi destinado a guardas municipais, agentes de trânsito e para os funcionários que têm contato direto com o público, como no caso da Defesa Civil e do Departamento de Política Sobre Drogas.
Foram comprados cinco mil kits de luvas e máscaras, além de 9 mil litros de álcool em gel. O material foi distribuído para os dez núcleos regionais e para os grupos especiais: Grupo de Pronto Emprego Operacional (GPEO), Grupo Tático de Motos (GTM), Grupo de Operações Especiais (GOE), Grupo de Operações com Cães (GOC) e Patrulha Maria da Penha.
Nos núcleos regionais foi sendo feita a redistribuição para as viaturas e para todos os postos da corporação. A orientação é de usar o material em abordagens a pessoas suspeitas e quando haja contato direto com o público.
Além disso, a GM recebeu 120 máscaras-escudo produzidas em impressoras 3D pelo FabLab da Rua da Cidadania do Cajuru. Entre as equipes que receberam o material estão aquelas com postos de trabalho nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), nos Centros Pop e para aqueles que estão auxiliando na organização de filas nos equipamentos municipais.
Desde o início do mês, outras 16 mil luvas estão sendo distribuídas conforme a necessidade, após aquisição feita pela Secretaria Municipal de Administração e Gestão de Pessoal (Smap). Houve, ainda, doação de máscaras de pano, reutilizáveis, por parceiros: 500 máscaras da Associação da Vila Militar (AVM) e 200 encaminhadas via Defesa Civil.
Outra 15 mil máscaras descartáveis, já compradas, devem chegar nos próximos dias. O guarda também pode incrementar utilizando sua própria máscara caseira.
Exames para covid-19
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, desde o dia 23 de março com a declaração do Ministério da Saúde de transmissão comunitária da covid-19 em todo território nacional, todas as pessoas com sintomas gripais passam a ser considerados casos suspeitos de infecção e seguem os protocolos de afastamento e orientação de isolamento como tal.
Com essa nova recomendação mudaram também os critérios para exames. São priorizadas as coletas de amostras para exames em pessoas com síndromes respiratórias agudas graves. Também poderão ser coletadas em pessoas com quadro gripal que fazem parte do grupo de risco para complicações: bebês menores de 1 ano e idosos acima de 70 anos; pessoas com doenças graves ou crônicas (cardiopatia, doença renal, pulmonar, etc) descompensadas; imunodeprimidos; gestantes; e outras situações especiais.
Esse protocolo segue recomendação do Ministério da Saúde, que disponibiliza os kits de testes, e da Secretaria de Estado da Saúde, que realiza os exames. Essa orientação está baseada no fato de que há uma limitação do número de exames disponíveis no país e que o tratamento dado aos pacientes não muda com o exame.
Informações do Site Banda B