Como em um jogo de xadrez no qual ao mesmo tempo em que se defende o jogador também ataca e prepara as próximas jogadas, o ex-juiz Sérgio Moro fez seu depoimento.
Moro não trouxe novidades, mas terceirizou as provas. Tanto para o presidente, que pode ter o desgaste político de uma convocação para depor, quanto para os ministros militares e a deputada da base aliada do governo.
Além de uma jogada jurídica, Moro movimentou peças no tabuleiro político. A construção em um jogo de xadrez é silenciosa.
Ao tornar público seu depoimento, Sérgio Moro, traz luz a opinião pública e faz o jogador adversário se precipitar durante as próximas jogadas.
Veja abaixo as nove provas listadas por Moro:
1. Depoimento à Justiça Federal, prestado no dia 2 de maio na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
2. Mensagens trocadas com Bolsonaro no dia 23 de abril, incluindo a que o presidente diz ‘Mais um motivo para a troca’ e outras mensagens ‘ora disponibilizadas’.
3. Todo o histórico de pressões do presidente para a troca de comando da Superintendência da PF no Rio, por duas vezes, e da direção-geral da PF, citando a ocasião, em agosto do ano passado, em que Bolsonaro afirmou que trocaria o comando da corporação fluminense ‘por falta de produtividade’ e emplacaria um nome de sua escolha.
4. Declarações do próprio presidente em seu pronunciamento, nas quais admite a intenção de trocar dois superintendentes, inclusive, o do Rio de Janeiro, sem apresentar motivos.
5. As declarações de Bolsonaro na reunião do conselho de ministros no dia 22 de abril, gravadas pelo Planalto, em que o presidente disse que iria ‘interferir em todos os ministérios’ e trocaria o ministro da Justiça se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio.
6. Protocolos de relatórios de inteligência produzidos pela Abin produzidos com base em informações repassadas pela PF e que demonstram que o presidente já tinha acesso às informações de inteligência da PF as quais legalmente tinha direito.
7. Protocolos de relatórios da Diretoria de Inteligência da PF.
8. Declarações, a serem feitas, pelo ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo e o ex-superindente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi.
9. Mensagens trocadas com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), incluindo a que ela oferece ao ex-juiz da Lava Jato influência com o presidente para indicá-lo a uma vaga no Supremo Tribunal Federal em troca de Alexandre Ramagem na Polícia Federal
Leia o depoimento de Sérgio Moro na íntegra clicando aqui.