O comandante-geral dos Bombeiros, coronel Dewislon Adelino Mateus, e outros cinco militares suspeitos de envolvimento em esquema de fraude de certificados em Goiânia foram afastados da corporação. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (21) após as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontarem o recebimento de propina em troca de emissão do Certificado de Segurança para empresas e estabelecimentos que não cumpriam normas e protocolos. Cinco empresários foram presos.
Um substituto para Dewislon no Comando-Geral da instituição deverá ser apontado pela SSP ainda nesta quinta-feira (21), segundo o Corpo de Bombeiros.
Além de Dewislon, foram afastados da corporação o coronel Anderson Cirino; tenente-coronel Hélio Loyola Gonzaga Júnior; major Nériton Pimenta Rocha; capitão Sayro Geane Oliveira dos Reis e o subtenente José Rodrigues Sobrinho. Eles podem responder pelos crimes de concussão, organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Conforme apontam as investigações iniciadas em 2017, os militares atuavam juntamente com empresários da região da 44. Só no local foram identificados pagamentos de propina por parte de 145 comerciantes, sendo que muitos deles foram obrigados a pagarem pelo certificado. Além de dinheiro em espécie, os militares também eram pagos com viagens internacionais e construção de empreendimentos.
Até o momento nenhum dos seis militares suspeitos de envolvimento na fraude foram presos. O MP pediu a prisão do grupo, mas a Justiça Militar não atendeu à solicitação. Já a prisão dos cinco empresários envolvidos no esquema foi atendida. Os mandados foram cumpridos na última terça-feira (19). Os nomes dos investigados não foram divulgados. O órgão cumpriu ainda 17 mandados de busca e apreensão em empresas e no próprio prédio do Comando-Geral do CBMGO.
Valores altos
As apurações do Gaeco apontaram ainda que o valor da propina para a obtenção dos certificados variava de acordo com cada empreendimento. Segundo as investigações, um dos pagamentos chegou a R$ 500 mil. Dois shoppings, que não tiveram os nomes revelados, pagaram pelo certificado.
Os benefícios eram pagos em espécie, por intermédio de transferências bancárias, construção de academias e outros tipos de empreendimentos e até mesmo pagamento de viagens internacionais.
Ainda segundo o MP, os certificados de segurança (cercons) que demoram em média 30, 40 dias para ficarem prontos chegavam a ser emitidos em até 24h após o pagamento da propina.
Corpo de Bombeiros e SSP
Em nota, o Corpo de Bombeiros anunciou o afastamento dos militares envolvidos no esquema. Segundo o texto, a decisão tem o objetivo de dar ainda mais independência e credibilidade à investigação. A corporação disse ainda que tem colaborado e prestado as informações necessárias ao esclarecimento da denúncia.
Já a Secretaria de Segurança Pública (SPP) informou que desconhece o conteúdo oficial da investigação por se tratar de uma apuração do MP. Na manhã desta quinta-feira (21), a pasta solicitou cópia integral do procedimento investigatório.
“Assim que obtivermos os documentos requeridos, procederemos a uma análise criteriosa do conteúdo, para que sejam tomadas as medidas administrativas e disciplinares cabíveis, independente de quem estiver envolvido”, diz trecho.
Informações do Site Mais Goiás