O ex-secretário de Segurança Pública do DF, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sociólogo Arthur Trindade deu uma entrevista a Coluna À QUEIMA-ROUPA do Jornal Correio Braziliense. Nela, ele afirma que os “Governantes têm pouco controle sobre as PMs”. Arthur já protagonizou outra polêmica ao sair do Governo Rollemberg afirmando que os Secretários de Segurança Pública no DF não passam de uma “Rainha da Inglaterra”.
Ao ser perguntado se ele acredita que o motim realizado por PMs do Ceará é uma demonstração de que os governadores não controlam as polícias militares o sociólogo e estudioso sobre o tema foi enfático:
“Sim, os governadores têm pouco controle sobre as polícias em geral. Isso não acontece apenas no Brasil. Os governantes têm muito menos controle sobre as polícias do que estamos preparados para admitir.”
Outro ponto marcante na entrevista foi sobre o poder da bancada da bala ampliado em números de parlamentares nesta legislatura e como isso potencializa esses movimentos.
“Sem dúvida. De forma geral, os parlamentares ligados às polícias tendem a potencializar os movimentos paradistas, uma vez que acenam com a possibilidade de anistia para as lideranças do movimento.”
Para o ex-secretário de segurança pública do DF as greves de policiais militares tendem a ter um “efeito dominó”. Já se observa movimentações em diversos estados da Federação.
Ao ser questionado se no governo Rollemberg, houve uma opção política de atender a PM e privilegiar a Polícia Militar do DF Arthur Trindade afirma que não acredita que houve uma decisão deliberada para privilegiar uma corporação em detrimento da outra.
Sobre os recentes fatos, em que o Senador Cid Gomes tentou atropelar policiais com uma retroescavadeira e policiais atiraram nele para se defender, o professor Arthur afirma que “os dois lados parecem errados. A atitude do senador foi destemperada. Colocou em risco a vida de outras pessoas. Policiais armados, realizando piquetes na porta de quartel, também representam um perigo.
Sobre o ativismo político da PM não só nas questões salariais, como também no avanço das atribuições de outras corporações, o membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mais uma vez foi enfático:
“Não há problema que policiais militares defendam suas pautas, desde que isso seja feito dentro dos canais democráticos. Obviamente, não podem extrapolar, ameaçar autoridades ou obrigar o comércio a fechar as portas.”
Já sobre anistia a policiais que fazem motim ele tem o seguinte pensamento:
“Esta é a grande questão: é greve ou motim? Como os policiais não têm direito à greve, os movimentos paradistas não são regulados pela justiça do trabalho. Essas situações, de acordo como a legislação, estão no âmbito de competência da justiça militar que, geralmente, se mostra bastante relutante em enquadrar estas paralisações como motins. Por não ter regulação nem enquadramento jurídico, estas greves tornam-se extremamente radicais. Creio que deveríamos aceitar a sindicalização das polícias militares, como França e Chile já estão fazendo.”
Arthur Trindade encerra a entrevista afirmando que: “o que estimula o movimento grevista em alguns Estados é a promessa de apoio por parte do governo federal. Isso, obviamente, causa um grande mal-estar com os governadores”, ao ser questionado se ” se o fato do próprio presidente Jair Bolsonaro ter sido expulso do Exército por participar de um movimento grevista influencia nestes movimentos, se isso acaba servindo como exemplo”.
Da redação do Policiamento Inteligente com informações do Blog CB. Poder do Jornal Correio Braziliense