Corriqueiramente deparo-me com a pergunta:
Por que a polícia deve ser comunitária?
Se pesquisarmos os textos desse blog veremos que por mais de dois anos tento responder essa pergunta, mas até hoje não consegui respondê-la, e com certeza não conseguirei a curto prazo.
Há uma vasta literatura abordando o tema, ou fundamentos de uma prática que ficou conhecida como “policiamento comunitário”. Como a maioria já está cansada de saber, a polícia comunitária prega uma mudança de paradigma em relação aos modelos de policiamento vigentes ao longo do século XX, ou seja, busca aproximar as corporações policiais dos cidadãos a quem devem servir, cooperando uns com os outros, de forma organizada, para previnir crimes e diminuir as possibilidades de situações de violência. Em resumo, busca o diálogo entre as forças policiais e o cidadão.
Infelizmente ainda estamos longe desse ideal, devido a nossa fraca formação, falta de interesse e compreensão da dimensão do tema, além do desconhecimento da população sobre a importância de se debater “segurança pública”. Vivemos a dicotomia: de um lado, policiais despreparados e desinteressados, do outro, uma população apática e acomodada.
Por outro lado, tenho me perdido tentando desesperadamente convencê-los dos “benefícios” de uma aproximação com a comunidade, mas afinal, o que significa esse termo?
Não é fácil definir uma “comunidade”, pois no senso comum isso pode ter vários sentidos diferentes. Por ser um termo corrente não “perdemos tempo” pensando sobre seu significado. Pensando academicamente a situação continua sendo complicada, pois existem várias visões diferentes sobre o termo. É preciso verbalizar tal conceito para que ele seja compreendido. Acredito que aquilo que não é verbalizado não é humanizado. Sendo assim, entrarei em um novo nível nesse espaço.
Por dois anos estive preso na FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA, onde a dividi em: QUEBRA DE PRECONCEITOS POR MEIO DA APRESENTAÇÃO DE DIVERSOS CONCEITOS SOBRE O TEMA, OBJETIVANDO O SURGIMENTO DE UM NOVO CONHECIMENTO (novo conceito), ou seja, cada um construiu sua própria verdade (conhecimento) sobre o assunto.
Dessa busca chegamos a discussões interessantes sobre a polícia legal, polícia de conflito e polícia de confronto. Debates interessantes surgiram sobre as ações de polícia comunitária aplicadas no DF.
Com textos sobre minha própria experiência (bobos para alguns) procurei tocar o coração dos amigos, mostrando-os as dificuldades que em enfrentamos em nosso dia-a-dia, as alegrias, as dores, as lágrimas derramadas, mas acima de tudo a vontade de continuar e não desistir. Isso é importante para aprendermos a lidar dentro das comunidades. Quem toca o coração das pessoas toca a alma. Um “policial comunitário” deve aprender essa lição mais que qualquer outro. Devemos usar a razão para aflorarmos a emoção dos cidadãos. Isso não é fácil. Devemos nos colocar no lugar do outro para podermos respeitá-lo. No perfil de um “policial cidadão” não pode faltar o carisma, mas acima de tudo não pode faltar o respeito. Cada policial é um líder em potencial, cada cidadão um guardião de sua cidade, esse deve ser o espírito do “policiamento inteligente”. Lidar com “comunidades” nos grandes espaços urbanos e numa sociedade complexa significa lidar com várias contradições e enfrentar muitos dilemas. Para compreendê-las precisamos nos compreender.
Agora é preciso avançar. É necessário abordar sobre o MÉTODO, onde divido em: MOBILIZAÇÃO INTERNA E EXTERNA, PLANEJAMENTO E SOLUÇÃO DO PROBLEMA NAS COMUNIDADES. Em princípio me prenderei nos conceitos inseridos na MOBILIZAÇÃO SOCIAL e sua influência nas comunidades, mas se perceber a necessidade voltarei a filosofia e as histórias de meu “querido diário”. Para nossa reflexão deixo o pensamento abaixo:
“Conhecer e respeitar as dinâmicas diferentes é vital para a construção de valores democráticos e de cidadania que devem presidir não só o relacionamento entre o poder público e os cidadãos, mas, também, uma polícia mais voltada para uma interação mais próxima com o seu público.”