Recentemente o futuro Governador do Distrito Federal concedeu entrevista ao Jornal Correio Braziliense. Ibaneis contou que procurou órgãos de controle, negociou com as empresas que integram o consórcio responsável pela obra e com a Caixa Econômica Federal, que financiou o empreendimento. Ousadia é seu lema, coisa que, para Ibaneis, faltou na gestão do antecessor, Rodrigo Rollemberg (PSB).
O ponto mais importante foi quando falou sobre as mudanças que pretende implementar na segurança pública. No início do Governo Rollemberg, o então Secretário de Segurança Pública e da Paz Social, Professor Arthur Trindade, chegou a reclamar da falta de autonomia e poder da pasta. Segundo o professor, “um secretário de segurança no DF não passa de uma Rainha da Inglaterra.” Problema que Ibaneis promete resolver. Durante a entrevista ele relata que pretende fazer uma reestruturação muito forte na área de segurança:
“O DF, há muito tempo, vive um problema de segurança muito grande. Temos duas corporações que não se entendem de forma alguma. Temos um secretário de Segurança que não tem poderes. Hoje, o diretor da Polícia Civil e o Comandante da Polícia Militar chegam diretamente no governador. Isso não vai acontecer mais. Eles terão de passar pela Secretaria de Segurança. Vou empoderar meu secretário de Segurança. Vai ter de ser feita segurança pública de uma forma bastante organizada, com hierarquia e disciplina. Então, virão decretos na área da segurança para que possamos organizá-la. Esse modelo que está aí desde o governo Arruda não funcionou, está claro. Então, não será o nosso. Eu nem sequer vou atender Diretor da Polícia Civil ou Comandante da Polícia Militar sem a presença do secretário de Segurança.”
Essas corporações são muito fortes. O senhor tem ideia da pressão que vai sentir, como ameaças de greve?
“Não tenho medo de pressão. Não tenho medo de greve. Tenho a população ao meu lado. Quem quiser trabalhar em parceria… Vou respeitar todas as corporações, fazer com que elas possam crescer e melhorar. Mas meu principal objetivo é entregar serviço para sociedade. É para isso que fui eleito. Se eles quiserem impedir, vão encontrar alguém muito duro, e vou colocar a população contra eles também. Então, acho que a hora é de tentar harmonizar. “
E os compromissos que o senhor fez, vai manter?
“Vou arcar com todos eles. Vou chamar todas as corporações para conversar. Já estou trabalhando nesse sentido. Para se ter ideia, o pessoal da Polícia Militar estava prestes a perder o auxílio-moradia, que foi dado por decreto na época do Agnelo. Fui ao Tribunal de Contas pedir para que os conselheiros não julgassem até que eu organize a situação. Já estou trabalhando nesse sentido. Vou fazer o comparativo para saber qual o reajuste de cada uma das forças. Então, vou sentar com eles e ver qual a forma de pagar, e a partir de qual data.”
No final dessa conta, eles terão o mesmo salário?
“A ideia é que seja pelo menos aproximado. As estruturas são diferentes, então, fica muito difícil tratar dessa maneira. Mas quero todos eles bem remunerados, trabalhando satisfeitos. E temos muitos outros problemas de segurança. Digo isso de forma bem clara. Por exemplo, o Fundo Constitucional, que era uma solução para o Distrito Federal há anos, hoje está com um grande problema. Porque está se tornando um Fundo Previdenciário: paga todos os aposentados da saúde, da educação e da segurança. Esse é o motivo de termos, hoje, quase metade da corporação de policiais civis e militares. Isso tem de ser resolvido. O Tribunal de Contas está lá para dizer que não pode ser pago aposentado com o dinheiro do fundo. Você tem de dizer para onde os inativos vão. Eles não podem continuar dentro do fundo.”
Como resolver essa questão?
“O Tribunal de Contas vai dizer como deve ser feito. A previsão, nesse ano, é de aposentadoria de quase 2 mil policiais militares. Como contratar novos se você não tem a fonte de recursos? Isso é um problema que precisa ser enfrentado. E, se as corporações continuarem dessa maneira, acabarão. O fundo é finito.”
Pretende pagar a paridade da Polícia Civil com a Federal de uma vez ou vai dividir?
“Não temos condições de pagar de uma vez. Quero dividir. Acho que é uma maneira de dar o escalonamento e, conforme a economia vá melhorando, teremos uma arrecadação melhor de tributos e podemos até antecipar essas parcelas. Mas precisamos pensar dentro do nosso orçamento e hoje. E, dentro do orçamento de hoje, dá para pagar uma parcela da paridade e deixar as demais para os anos seguintes.”
Fonte: Com informações do Correio Braziliense