O que policiais militares acreditavam se tratar de uma ocorrência de violência doméstica causou surpresa. Vizinhos acionaram a corporação ao escutarem gritos de uma mulher. Mas a suposta vítima estava, na verdade, em trabalho de parto. Os militares, com auxílio de socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), trouxeram ao mundo a menininha.
Era por volta da 1h30 deste sábado (18/5) quando a equipe de três militares do 15º Batalhão se deslocou para a Quadra 1 do Setor Norte da Cidade Estrutural. Quando os sargentos Alex Assis e Diogo Trindade e o soldado Tiago Andrade chegaram ao endereço, do lado de fora da residência era possível escutar gritos de uma jovem.
“Ao entrarmos, já vimos a adolescente de 16 anos. A bolsa havia estourado e a dilatação uterina (de preparação para o parto) estava avançada. De imediato ligamos para o Samu e bombeiros, mas não deu tempo de nenhum dos socorros chegar”, detalha o sargento Alex Assis.
A partir daí, iniciou-se uma correria na humilde casa da família. A avó da bebê correu atrás de panos úmidos para auxiliar no parto e a irmã da adolescente ajudou os militares na tarefa de trazer a sobrinha ao mundo. “A iluminação da residência também era mínima, então, o soldado Tiago precisou ficar com uma lanterna. Nosso maior medo naquele momento foi acontecer alguma complicação e não termos os recursos necessários para ajudar a neném”, destaca Assis.
Contudo, em poucos minutos, pôde-se escutar no quarto o fraco choro de uma menina. “Fizemos a massagem para a liberação das vias respiratórias da bebê e, em seguida, o choro foi mais alto, o que nos trouxe um alívio. Minutos depois, o socorro chegou. A técnica em enfermagem Ana Paula fez o corte do cordão umbilical e encaminhou mãe e filha para o Hospital Regional da Asa Norte”, acrescenta.
Em conversa com a mãe da adolescente, o sargento confirmou que a jovem e a recém-nascida estão bem. Como a garota não fez o acompanhamento completo do pré-natal, foi necessário realizar diversos exames na unidade hospitalar. A dupla deve receber alta até segunda-feira (20), segundo Alex Assis.
“Em 23 anos de serviço como militar, nunca tinha passado qualquer situação parecida. Então, foi algo emocionante e marcante. Todos os dias nos deparamos com tanta violência e morte, que uma ocorrência como essa nos trouxe esperança e ânimo para continuar”, destaca o sargento.
Agora, a equipe do 15º Batalhão atua para ajudar a adolescente com um pequeno enxoval para a bebê, que ainda não ganhou um nome. “Estamos nos virando para comprar algumas coisinhas e poder ajudar essa família, que está em uma situação tão vulnerável. Um colega comprou a banheira e roupas, também vamos pegar fraldas e entregar na casa segunda-feira. Vamos ajudá-los como podemos”, acrescenta Alex Assis.
Informações do Jornal Correio Braziliense