Sindicato denuncia aumento de crimes durante 8º Fórum Mundial da Água

Ao Metrópoles, servidores relataram que, com o remanejamento de equipes e viaturas, população deixou de receber atendimento

GABRIEL JABUR/AGÊNCIA BRASÍLIA

O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) denunciou o aumento de ocorrências durante o período do 8º Fórum Mundial da Água, que começou no último domingo (18/3) e será encerrado nesta sexta-feira (23). De acordo com o balanço do órgão, o crime que mais aumentou foi o de roubo a transeuntes. A média diária teria subido: de 90 casos, nos dois primeiros meses do ano, chegou a 124 nos dias do encontro internacional.
“A decisão do governo de concentrar milhares de policiais militares apenas na região do Plano Piloto pode ter ocasionado maior incidência criminal em outras regiões administrativas. Houve, portanto, uma escolha de se dar uma aparência de normalidade para os turistas que frequentaram a região central. Enquanto isso, a população residente e trabalhadora sofreu e teve prejuízos”, afirmou o presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco, o Gaúcho.
O relatório do órgão também aponta crimes na região próxima aos principais pontos de encontro do Fórum. Segundo a avaliação, houve quatro homicídios consumados e cinco tentativas. O assassinato que mais repercutiu foi o de um homem de 35 anos no Setor Hoteleiro Sul. Também foram comunicados sete furtos e dois roubos de veículos, além de 14 assaltos a pedestres.
Efetivo mobilizado
De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), 52 bombeiros, 45 agentes de trânsito e 53 policiais civis atuaram diariamente para a realização do encontro internacional. Além de incomodar o sindicato dos servidores da Polícia Civil, o remanejamento foi alvo de críticas dos funcionários públicos.
“Basta observar: de onde vocês acham que vieram tantas ambulâncias, tanta equipe? Das ruas, claro”, desabafou um PM. “Enquanto ambulâncias e socorristas são usados para causar boa impressão no evento, cumprindo papel decorativo, a população sofre e morre com a falta de atendimento”, denunciou uma bombeiro militar.
Segundo a servidora, que pediu para não ter o nome revelado, em um só dia, cinco pedidos de socorro ficaram sem resposta na região onde trabalha. “Eu deixei de atender cinco chamados porque não tinha ninguém para ir. Se morreu alguém, se não morreu, eu não sei. Só sei que não houve atendimento, o que é muito grave”, afirmou.
Ela questiona a decisão do governo de realocar as viaturas e equipes: “O que importa é que não é nenhum japonês, chinês ou russo nesse fórum que está pagando pelo serviço de emergência. Quem paga é o cidadão brasiliense. E o contribuinte fica sem o serviço”.
O Corpo de Bombeiros confirmou que empregou, diariamente, no 8º Fórum Mundial da Água, 52 militares e 11 viaturas. Parte dos servidores é proveniente do serviço de gratificação voluntária, ou seja, serão pagos pelas horas de dedicação ao evento internacional.
Agentes de trânsito e policiais
A paralisação dos servidores do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) não atrapalhou a participação do órgão no encontro internacional. De acordo com o GDF, 45 agentes, 14 motociclistas operacionais, dois drones, uma aeronave, um guincho e uma empilhadeira ficaram a serviço do evento. “O pouco efetivo que não está parado foi desviado para o Fórum”, afirmou a secretária-geral do Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran), Patrícia Donato.
“O GDF não se importa com a população, só com o que dá vitrine. As pessoas estão sem atendimento nos postos do Detran. Estamos em greve e não negociam, mas está tudo bonito no evento, para os gringos verem”, completou a sindicalista.
Como cidadã, Patrícia relata que precisou de socorro do Corpo de Bombeiros e não foi atendida. “Uma amiga passou mal, ligamos e simplesmente não apareceu ninguém. Nenhuma resposta. Ela foi para o hospital de Uber”, contou.
Outro lado
A Polícia Civil do Distrito Federal informou que foram destacados 53 agentes para as atividades do 8º Fórum Mundial da Água. Já o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar do DF comunicou, por nota: “durante o evento, não divulgaremos número de efetivo, por questão de segurança”.
O GDF informou que os servidores fazem parte da escala normal do Serviço Operacional da Polícia Militar, Detran e Polícia Civil, e não terão remuneração extra.
Fonte: Portal Metrópoles