A Estrutural surgiu na década de 1960, pelo Lixão da Estrutural, reunindo inúmeros catadores que buscavam uma forma de sobreviver. No ano de 1999, instalou-se o Setor Complementar de Indústria e abastecimento (SCIA), na época, pertencente a Região Administrativa do Guará. Em 2004, criou-se a Região Administrativa XXV, tendo a Vila Estrutural como a sua sede urbana. Segundo levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) de 2014, a cidade contava com 35 mil habitantes.
Até outubro de 2016, foram registradas 973 boletins de ocorrência, colocando a cidade como a 14º mais violenta do Distrito Federal. Apesar dos dados, a região não possui uma Delegacia de Polícia (DP) própria, o que dificulta o acesso da população para o registro dos crimes. Foi o que aconteceu com Paulo Victor Alves, morador da cidade.
“Fui assaltado juntamente com mais umas quatro pessoas. Quando fomos fazer a ocorrência, tivemos de ir para o SIA (8ª DP) fazer isso. Ficamos de 22h até às 5h para conseguirmos ser atendidos”.
Maria Stella Grossi Porto, docente da Universidade de Brasília e membro do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança, também alega que
“as pessoas têm de se deslocar tanto que deixam de fazer a ocorrência. Talvez não seja um caso particular da Estrutural, pois há outros locais também defasados quanto à segurança pública.”
O tenente Martinello, do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM), explica que
“a falta de uma delegacia na cidade faz falta e prejudica o trabalho da Polícia Militar. Temos de locomover o efetivo até a 1ª DP (onde se faz o registro de flagrantes). Se houvesse uma aqui, tudo seria mais rápido. Isso também vale para o cidadão, que tem de se locomover.”
“90% das pessoas que nos procuram possuem ocorrências voltadas para à polícia civil. Quando dizemos que devem ir a 8ª Delegacia de Polícia (SIA), há muita reclamação”, concluí.
A Polícia Civil esclareceu por que “a cidade está desde setembro de 2016 sem um posto da Polícia Civil e, por isso, a população acaba tendo de se mover para o registro de ocorrência até o SIA Trecho 3 ou a 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Não há previsão para reabertura do Posto da Polícia Civil na Cidade Estrutural. Isso não quer dizer que a Polícia Civil não está fazendo diligências ou investigações na Cidade. Apenas o registro de ocorrências é que não está sendo feito lá. A delegacia responsável pela Cidade Estrutural é a 8ª DP (SIA).”
Por telefone, a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF) alegou não se responsabilizar pelo assunto, uma vez que a Polícia Civil é um órgão autônomo, ou seja, não subordinado à secretaria. A administração da Estrutural disse que está negociando com a Terracap um terreno na região para ser feita a DP. Não há uma previsão para o início da obra.
Somente um Posto da PM
Na Estrutural existe no momento um posto da Polícia Militar para atender à população local. Localizado no Centro Olímpico, o efetivo que promove a segurança da área, que incluí SIA e o SCIA, é de 87 policiais, segundo informações da PMDF. O 15º BPM desmembrou-se do 4º BPM, responsável agora apenas pelas áreas do Guará e Lúcio Costa. O local que funcionava a delegacia da Polícia Civil foi cedido para um novo posto da PM, conforme determinação do Governo do Distrito Federal. A mudança foi anunciada hoje (23) pelo governador Rodrigo Rollemberg, na abertura do Programa Cidades Limpas na cidade. Segundo o major Barbosa
“o ideal é que os dois postos funcionem. Como trabalhamos de forma itinerante, por meio de viaturas, há diversas que já se deslocam pelas áreas da Estrutural e do SIA.”
Questionado sobre o número de efetivos, o policial afirmou que
“não existe cientificamente um número exato necessário para se fazer a segurança de uma cidade. O que podemos é trabalhar com o que possuímos, tentando suprir as necessidades.”
Por nota, a SSPDF disse que “segundo a Polícia Militar, por enquanto, o 15º Batalhão de Polícia Militar será mantido no Centro Olímpico. Haverá efetivo para o referido batalhão. Será aberto, ainda este ano, concurso para a contratação de 2 mil novos soldados e, assim, reforçaremos ainda mais nossos patrulhamentos”.
Por: Sarah Peres, Jornal Aqui – 24/01/17, p. 04.