Quando falamos em drogas e viciados é preciso compreender que temos alguns tipos de usuários e que para cada um deles existe uma política pública diferente a ser aplicada. Neste sentido temos:

1) Quem nunca experimentou drogas;
2) Quem já experimentou e não viciou;
3) Quem já experimentou e viciou, mas ainda tem domínio de suas ações;
4) Quem já experimentou, viciou e perdeu o domínio de suas ações.

O crack é uma doença que se alastrou pelo país. O fator mais grave para quem usa esse tipo de droga é o “suicídio social”. As pessoas entram em um mundo paralelo, neste mundo existe apenas a droga e suas consequências. Toda doença precisa de cura, mas o que fazer quando o doente não tem mais domínio de suas ações e não procura tratamento?
Em São Paulo, o prefeito João Dória está em uma luta feroz para acabar com a Cracolândia, uma verdadeira vergonha no centro da capital paulista. Lá, grande parte dos usuários se encaixam no grupo daqueles que estão viciados e perderam o domínio de suas ações.
Ele está oferecendo abrigos para os usuários que moram nas ruas deixem o local, já tentou fazer internações compulsórias e tem proibido uma ONG de oferecer sopa à noite aos viciados, para que eles busquem e tenham essa assistência nos abrigos. Uma tentativa de solucionar o problema.
Contrapondo a tudo isso estão protestos de grupos ligados aos direitos humanos. Até que ponto a distribuição de sopas e de proteção excessiva dos grupos de direitos humanos estão alimentando o ciclo da pobreza e do vício destes usuários de crack?
Creio que poucas pessoas conhecem a história da “vaquinha”. É importante conhecê-la. Em uma cidade existiam dois monges que andavam pelo interior e conheceram uma família muito pobre, a noite o monge mais velho saiu e jogou a vaquinha morro abaixo. Ao saber do fato o monge mais novo ficou muito indignado, pois a família dividiu seu pouco alimento com eles. O mais velho justificou dizendo que o tempo mostraria que foi uma decisão acertada.
Depois de muito tempo os monges retornaram e não reconheceram o local, procuraram um velho casebre, mas encontraram no local uma bela casa. Ao conversar com as pessoas da casa foram reconhecidos. Descobriram que com a morte da vaquinha, aquela família teve que produzir na terra e tornaram-se muito prósperos.
Muitas vezes precisamos matar as “vaquinhas” que nos prendem na pobreza e na miséria de uma vida paternalista e vazia de sentidos. As drogas matam sonhos e alimentam “vaquinhas” que os mantém na pobreza. Vamos aguardar e ver qual será o resultado do trabalho do prefeito João Dória e só depois criticá-lo, caso não dê resultados.

Avener Prado/Folhapress