A saúde pública no DF está na UTI há anos. Vários foram os casos que contribuíram para chegar até aqui. Sucessões de abandonos e desvios de dinheiro público, aliadas a má gestão fazem do atendimento na sua saúde um caos. Políticos e empresários brincam com a vida e a esperança das pessoas que necessitam do serviço público de saúde.
Nesta área nos deparamos com excelentes profissionais, mas no geral o sistema não funciona, e por não funcionar, tornou-se fonte de enriquecimento de médicos, políticos e todos aqueles interessados em ganhar dinheiro com o sucateamento da coisa pública. Enquanto uns choram, outros ganham muito dinheiro vendendo lenços, normalmente por meio de compras emergenciais que beneficiam amigos e parentes.
Um de nossos jornalistas viveu uma experiência ao acompanhar  seu pai em uma consulta na UPA do Núcleo Bandeirante. Ao chegar por volta de 14h o local já estava cheio, a prioridade eram aqueles que na triagem foram marcados com fitas vermelhas ou amarelas. Volta e meia a servidora informava que não tinham médicos suficientes e que aqueles que estavam com a fita verde poderiam voltar para casa ou teriam que aguardar muito muito tempo na fila. Por volta de aproximadamente 22h ocorreu um princípio de tumulto, pois pessoas que aguardavam desde as 14h ainda estavam sem atendimento, inclusive aqueles marcados com a fita amarela.

Uma senhora bastante idosa passou mal na fila, em uma cadeira de rodas e só depois de horas de agonia perceberam que ela estava tendo um AVC hemorrágico. Após isso, ela foi levada ás pressas para o hospital de base e a partir daí a UPA fica apenas com um médico.

A estrutura física da UPA é boa, os profissionais são educados e prestativos, a ideia da UPA é muito excelente, para desafogar os hospitais, mas a quantidade de profissionais é insuficiente, a falta de meios é evidente, faltam lençóis e alguns produtos mínimos de higiene pessoal. Percebe-se que muito do que  falta é meramente resultado de incompetência administrativa, não falta de recursos. Os locais estão se tornando um amontoado de gente.
Após serem internadas as famílias eram orientadas a irem em casa buscar roupas de cama e banho, além de produtos de higiene pessoal. Alguns que moravam longe ficam expostos ao frio da noite e do ar condicionado na sala de medicação e em macas improvisadas em corredores. O senhor na foto abaixo, estava com sintomas de um AVC, ficou durante horas deitado em uma cadeira, até conseguirem uma maca. Antes de ser internado ele procurou socorro na UPA de Samambaia e Ceilândia, mas nestes locais não haviam médicos.

As seis horas da manhã ainda era possível encontrar pacientes que aguardavam desde as dezoito horas do dia anterior, uma espera de mais de doze horas. A expressões de dor e agonia, em alguns casos, de revolta, expressavam o sofrimento da maioria da população que necessita do sistema público de saúde no Distrito Federal.