Em carta aberta a familiares, amigos e ao PPS, o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Valmir Campelo anunciou nesta segunda-feira (26/3) que desistiu de uma eventual candidatura para concorrer ao comando do Palácio do Buriti. O nome dele foi lançado no final de fevereiro pela executiva regional do partido.
“Por respeitar a precedência do senador Cristovam Buarque, que está no curso de seu mandato e, mais do que isso, tem mais tempo de partido do que eu, decidi, após muita reflexão e pesar, desistir de disputar qualquer cargo eletivo nas próximas eleições”, justificou Campelo.
O ex-ministro do TCU aproveitou para alfinetar o partido e o sistema político. “A maioria dos dirigentes partidários não está preocupada com as biografias, com a densidade eleitoral, mas sim em garantir seu próprio espaço, garantir sua reeleição, enfim, pensar em seus interesses próprios antes de mais nada. Uma verdadeira inversão de valores”, destacou.
Na carta, o político, que perdeu a eleição para o GDF em 1994 para Cristovam Buarque, á época no PT, afirmou que percebeu “a impossibilidade de o PPS coligar-se com outros partidos por possuir em seus quadros dois nomes que teriam capacidade de concorrer a cargos majoritários. Assim, o sentimento que deveria servir de orgulho transforma-se em complicador nesse atual modelo que coloca os presidentes de partidos políticos como os grandes eleitores de um sistema político falido”.
Confira a íntegra do documento:
Prezados Amigos,
Nos últimos meses, revivi intensamente a atividade partidária. Nesse período, fui acolhido pelos companheiros do PPS, que sempre de forma muito digna me receberam. Não tenho palavras para expressar minha gratidão pelo respeito e consideração que me foram dispensados nos meses passados.
Infelizmente, nosso atual sistema político, assim como os maiores expoentes que o representam colocam em segundo plano o histórico das pessoas, a biografia, a capacidade de realização, a ficha limpa; tudo em detrimento dos próprios projetos e do interesse pessoal. Em virtude disso, certo estou de que não teremos nas urnas a tão esperada renovação almejada por todos. Aos entrantes e aos sem mandatos não será dado espaço ou oportunidade.
Nesse sentido, o PPS conta com dois nomes, duas biografias que deveriam somar em qualquer composição política que busque o bem de Brasilia, mas, ao contrário disso, e por mais incrível que pareça, tal circunstância torna-se um obstáculo.
A maioria dos dirigentes partidários não está preocupada com as biografias, com a densidade eleitoral, mas sim em garantir seu próprio espaço, garantir sua reeleição, enfim, pensar em seus interesses próprios antes de mais nada. Uma verdadeira inversão de valores.
Diante disso, percebi a impossibilidade de o PPS coligar-se com outros partidos por possuir em seus quadros dois nomes que teriam capacidade de concorrer a cargos majoritários. Assim, o sentimento que deveria servir de orgulho transforma-se em complicador nesse atual modelo que coloca os presidentes de partidos políticos como os grandes eleitores de um sistema político falido.
Por tudo até aqui exposto, e por respeitar a precedência do Senador Cristovam Buarque, que está no curso de seu mandato e, mais do que isso, tem mais tempo de partido do que eu, decidi, após muita reflexão e pesar, desistir de disputar qualquer cargo eletivo nas próximas eleições. Dessa forma, abro espaço para o partido, que sempre com muita lealdade me acolheu, realizar com total liberdade a composição que julgar a mais acertada para Brasilia, sem ser um obstáculo para isso.
Com imensa gratidão a todos que me acompanharam nessa caminhada até aqui, e, em especial, ao Presidente Nacional do PPS, Roberto Freire, e ao Presidente do partido no DF, Francisco Andrade, o meu fraterno abraço.
Fonte: Portal Metrópoles – Janela Indiscreta – Texto de Caio Barbieri