A Polícia Civil cumpriu na manhã desta terça-feira, dia 23, 12 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão, durante a ‘Operação Último Drink’. A ação, deflagrada pela Delegacia de Repressão a Crimes Contra Ordem Tributária (DOT), investiga uma associação criminosa, suspeita de sonegação fiscal e falsificações.
O esquema trouxe prejuízo de mais de R$ 100 milhões aos cofres públicos. Entre os alvos da investigação estão empresários e contadores. A operação, a maior já realizada pela DOT, contou com o apoio da Secretaria Estadual de Economia.
Os mandados foram cumpridos em Goiânia, em escritórios de contabilidade, empresas e nas residências dos investigados, em três condomínios de alto padrão. Durante as diligências, foram apreendidos R$ 40 mil em espécie, quatro veículos de luxo, computadores, celulares, notas fiscais e documentos.
Além do cumprimento dos mandados de prisão, foram ainda lavrados três autos de prisão em flagrante pelo crime de posse irregular de arma de fogo, com apreensão de quatro armas e munições.
Segundo o delegado Rodrigo Mendes de Araújo, adjunto da especializada, a apuração teve início após uma denúncia anônima, apontando a existência do grupo criminoso, que atuava no ramo de distribuição de bebidas. “Verificamos inicialmente que algumas empresas foram constituídas por pessoas de uma mesma família. Outras foram criadas no nome de laranjas, pessoas que obtiveram sucesso repentino, que possuíam funções simples e, em pouco mais de um ano, viraram grandes empresários, com enorme movimentação financeira”, disse.
Ao todo, foram identificadas nove empresas suspeitas de participarem do esquema. De acordo com a investigação, a associação criminosa atuava vendendo notas fiscais para outras pessoas jurídicas, que movimentavam o mercado clandestino de bebidas, provenientes de furtos, roubos e adulteração.
“Tem empresários que lamentavelmente trabalham com essas bebidas produto de crime e eles precisam circular essas bebidas. Pra isso eles adquirem essas notas inidôneas, com o intuito de legalizar o comércio clandestino”, informou.
As notas fiscais vendidas pelo grupo investigado eram enviadas a empresas fantasmas de outras unidades da federação. Dentre elas, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Ainda segundo o delegado, escritórios de contabilidade também faziam parte do esquema. “Eles atuavam fazendo a contabilidade paralela, para dar um ar de veracidade àquilo que as empresas de fato faziam, dar um ar de legalidade às operações fraudulentas”, ressaltou.
Durante a apuração, a Polícia Civil e a Secretaria de Economia identificaram que a maioria das empresas possuía movimentação comercial incompatível com a própria estrutura. “Parte dos integrantes dessa quadrilha tem movimentação financeira significativa, mora em condomínios de luxo, ostentando uma vida que, de fato, se trabalhassem honestamente, não teriam condições de manter”, afirmou. Um dos veículos apreendidos durante a ação e que pertencia a um dos chefes do esquema, foi avaliado em mais de R$ 350 mil.
Todos os materiais apreendidos durante as diligências deverão agora passar por perícia. Já os suspeitos presos foram colocados à disposição do Poder Judiciário. Eles irão responder ao final do inquérito policial por associação criminosa, falsificação de documento público e de documento particular, além de crimes contra a ordem tributária. Somadas, as penas ultrapassam 30 anos de reclusão. Ao todo, 100 policiais civis participaram da operação.
Comunicação Setorial Secretaria de Segurança Pública