A Polícia Civil de Goiás está com projeto em andamento para a implementação da Unidade de Ciências Comportamentais, Análise e Observação de Suspeitos (UCCAOS) , a qual funcionará na Escola Superior da Polícia Civil (ESPC). O grupo será integrado por policiais especialistas em psicologia e comportamento, visando o estudo de evidências psicológicas, os vestígios comportamentais que se refletem na forma como o agressor comete os crimes.
A criação do grupo corresponde a uma iniciativa da Polícia Civil em cada vez mais fornecer cientificidade às investigações criminais, empregando nos inquéritos policiais técnicas forenses ligadas à psicologia, utilizando, dessa maneira, da nomenclatura em voga atualmente, inclusive em séries televisivas, o criminal profiling. A terminologia pode ser explicada como o processo de identificação de traços de personalidade, tendências comportamentais e geográficas a partir da delimitação de características prováveis do agressor, em razão dos comportamentos apresentados no momento do cometimento de crimes, partindo de uma análise sistemática de um delito específico ou vários relacionados.
Entretanto, a atuação do Grupo será muito mais abrangente e envolverá o fornecimento de conteúdos de inteligência para contribuir com as investigações criminais e a delimitação de aspectos criminológicos de suspeitos já identificados ou não, além de possibilitar a criação de protocolos de investigação e direcionar as análises pela Inteligência na área comportamental. Assim, a referida produção de conteúdo de cunho psicológico será somada a diversos instrumentos tecnológicos já desenvolvidos e utilizados pela Polícia Civil na elucidação de crimes.
Os profissionais integrantes da equipe UCCAOS pautaram a atuação da unidade em teses internacionalmente aceitas, sendo que alguns membros do grupo são doutores na temática, bem como participaram de cursos ministrados pelo FBI (Federal Bureau of Investigation) americano e pela Guarda Civil Espanhola.
As principais áreas de atuação da UCCAOS serão:
– A descrição de perfis psicológicos de autores desconhecidos de crimes específicos, tais como homicídios, extorsões mediante sequestro, estupros, desaparecimentos, entre outros;
– A realização de “contra-perfis”, em caso de existência de suspeitos;
– Assistências em interrogatórios, entrevistas investigativas, abordagem técnicas ao suicídio, análise de conteúdos e de comunicação não verbal; Avaliação de ameaças em textos escritos, entre diversas outras atribuições.
Um exemplo que pode auxiliar na compreensão do emprego prático do produto científico gerado pela UCCAOS está relacionado aos crimes sexuais, em que testemunhas e vítimas passarão por entrevista forense (após os primeiros auxílios psicológicos), receberão ajuda para a recuperação e identificação de falsas memórias, bem como a obtenção do criminal profiling do suspeito.
A Polícia Civil já conta com o trabalho de policiais psicológos em várias unidades policiais, sendo que, além do acolhimento às vítimas, com escuta qualificada, há também o trabalho pautado na psicologia forense, no qual a elaboração de avaliação psicológica, em vítimas e suspeitos, é realizada com rebuscadas técnicas e testes internacionalmente reconhecidos.