Beth Gomes é sinônimo de quebra de recorde mundial. São 14 marcas quebradas no lançamento de disco paralímpico. A mais recente foi em junho, em São Paulo, na seletiva para definir a seleção da modalidade para a Paralimpíada de Tóquio (Japão).
A paulista já estava garantida nos Jogos, por ter sido campeã mundial em 2019, mas aproveitou o evento para lançar o disco a 17 metros e 41 centímetros – marca mais de meio metro superior a anterior, que era dela própria.
Nascida em Santos, no litoral paulista, Beth compete na classe F52, que reúne atletas cadeirantes, sem controle de tronco e com deficiência nos membros superiores. Apesar de Tóquio ser a primeira Paralimpíada dela no atletismo, a lançadora já esteve nos Jogos antes. Em 2008, em Pequim (China), integrou a seleção de basquete em cadeira de rodas, modalidade que a introduziu no movimento paralímpico.
Na época, porém, o atletismo já era parte da vida de Beth. Guarda civil reformada em Santos, ela representou a cidade na corrida em cadeira de rodas e migrou para as provas de campo, simultaneamente ao basquete, tendo como inspiração a campeã paralímpica Rosinha Santos, do lançamento do disco e do arremesso do peso. A estreia paralímpica na nova modalidade seria no Rio de Janeiro, há cinco anos, mas, poucos meses antes do evento, uma reclassificação funcional – processo que define a categoria do atleta paralímpico – frustrou os planos.
Beth convive com a esclerose há 28 anos. A patologia fez com que tivesse que abandonar o voleibol, paixão da juventude, mas o esporte foi fundamental no processo de resiliência. Permitiu-a sonhar. Inclusive em marcar presença na próxima Paralimpíada, em Paris (França), aos 60 anos. Não se pode duvidar de uma recordista mundial.