Como avalia o funcionamento hoje da PM? Os comandos estão adequados?
Hoje infelizmente, como o decreto 37.321, que reestruturou a PM, a gente tem recebido um feedback de que tem sido um desgaste enorme. A Polícia tem tido sérios problemas de gestão.
Mas o cidadão não tem que esperar que os policiais saiam de seus gabinetes e estejam mais na rua? Não é isso que se pretende com essa reestruturação?
Esse é o pano de fundo desse decreto. Mas, em números, isso não é comprovado. A preocupação dos gestores deveria ser principalmente a coragem administrativa. O que tem acontecido é o inverso. Estamos vivendo um período de insegurança jurídica total. Em vez de termos policiais remanejados para a área-fim, temos policiais indo embora. Só nos últimos dois meses, foram 450 para a reserva.
Por que isso está acontecendo?
Nós temos uma insegurança total no Congresso, com projetos de lei retirando benefícios e prerrogativas históricos dos militares. Militares não têm sindicato, não têm direito a greve. Precisam ter um tratamento diferenciado. O que se passa para a sociedade é que os militares saíram da PEC 287, mas não. Nós ainda temos tópicos em discussão, inclusive a paridade de salários na aposentadoria. Outro problema: hoje os militares trabalham 30 anos e contam levar um benefício financeiro, que seria tratado igualmente como um Fundo de Garantia. Em vez de gozar a sua licença especial, ele converte em pecúnia. Isso está caindo. Fora isso, precisamos estar inseridos na Reforma da Previdência como militares, preservando os direitos.
Hoje a gente vê um embate muito grande entre as polícias civil e militar. Na sua opinião, o que provocou isso?
A falta de diálogo. Esse dito embate me deixa extremamente constrangido porque são instituições que se completam hoje no nosso modelo constitucional. Precisam conversar. A Polícia Civil tem todo o direito de brigar por suas prerrogativas, até porque o Fundo Constitucional foi reajustado em quase 8%, Significam R$ 800 milhões a mais para 2017. Temos quase R$ 13 bilhões no Fundo Constitucional. Acredito que tanto a PM, como a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros,deveriam ter sido olhados com melhores olhos.
O governador Rollemberg poderia interceder para unir as duas categorias?
O governador tem a obrigação, como chefe do Executivo, de unir a Polícia Militar e a Polícia Civil. Uma é ostensiva. A outra é judiciária. Ele precisa fazer com que essas corporações se falem, para dar uma tranquilidade a Brasília. Não adianta a Polícia Civil parada e a Polícia Militar tentando fazer o que é da Polícia Civil e também a Polícia Civil entrando eventualmente em atividades que são da Polícia Militar. Temos que ter uma pessoa para cuidar disso. Pode ser um preposto do governador, mas que faça, que abra o diálogo. Não é simplesmente contando história. Não dá mais.
O senhor foi chefe da Casa Militar com muito poder no governo de Agnelo. Hoje a gente vê que o chefe da Casa Militar, coronel Ribas, também exerce uma função de comando. Por que esse cargo é tão prestigiado?
Esse cargo leva a muita proximidade com a autoridade executiva. Tudo o que se passa efetivamente com o governo relacionado à segurança institucional passa pela Casa Militar. Então, essas situações dão muita força ao cargo. A Casa Militar tem essa possibilidade de se colocar muito mais à disposição do que qualquer outro secretário. Até na posição geográfica no Palácio. O gabinete fica do lado do governador.
Coronel Leão: Rollemberg tem a obrigação de unir a Polícia Militar e a Polícia Civil
Coronel Rogério Leão é ex-chefe da Casa Militar do Governo Agnelo e atual presidente da Associação de Oficiais da PMDF