O professor de História e mestre em Ciências Sociais pela Uerj Jorge Santana está lançando, nesta quinta-feira (12), o livro Desculpas, Meu Ídolo Barbosa. Torcedor do Fluminense, o escritor conta como surgiu a ideia de publicar este romance histórico, homenageando o ex-goleiro do Vasco e da seleção brasileira, marcado pela perda do Mundial de 1950 num Maracanã com mais de 200 mil torcedores.
“Foi uma tragédia, 10% da população do Rio de Janeiro estava presente no estádio. Foi a partida de futebol com o maior público da história. Sobre ele recorreu um racismo que transcende o futebol brasileiro até hoje. A ideia do livro vem de uma frase do Barbosa sobre a questão de pagar por um crime que ele não cometeu durante muitos anos”, afirmou.
A publicação tem o prefácio assinado por Juca Kfouri e a orelha escrita por Marcelo Carvalho, fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol. A instituição há uma década cataloga os episódios de preconceito por conta da cor da pele no esporte mais popular do país.
“Os números são muito assustadores, de quanto o racismo ainda está presente no futebol. Existem poucos clubes que têm uma política séria e sólida de combate ao racismo”, declarou.
Jorge elenca os capítulos de racismo descobertos ao longo das pesquisas para o livro Desculpas, meu Ídolo Barbosa.
“Temos um caso já em 1907, quando a Liga do Rio de Janeiro proibiu o Bangu de continuar escalando dois jogadores negros. Depois, em 1924, o caso da expulsão do Vasco por ter jogadores negros e operários. Em 1921, o presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, proibiu a convocação de jogadores negros para um Sul-Americano na Argentina, porque isso mancharia a imagem do Brasil”, contou.
Se vivo, Moacir Barbosa teria 101 anos. O goleiro nasceu em Campinas, no interior paulista, e faleceu em 2000.
“Uma figura resiliente da nossa história e que deixou um legado muito importante para os goleiros negros”, ressaltou.
O lançamento do livro acontece nesta quinta-feira (12), às 18h, na Livraria Multifoco Bistrô, na Avenida Mem de Sá, 126, no centro do Rio de Janeiro.