Diferentemente do que se imagina, remédios que passaram da data de validade ou que sobraram de algum tratamento não podem ser descartados no lixo comum. Os medicamentos devem ser levados a um ponto de coleta, disponível em farmácias e nas unidades de saúde, para que sejam recolhidos por empresa especializada e, então, incinerados.

Os medicamentos com data de utilização vencida devem ser descartados na própria embalagem | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

O Governo do Distrito Federal (GDF) mantém contrato com uma companhia para recolher e dar o fim correto ao material que chega às unidades de saúde. Para ter acesso ao serviço, basta perguntar a algum servidor onde descartar os itens.

Já as farmácias, obrigadas pela Lei Distrital nº 5092/2013 a receber os medicamentos vencidos, devem contratar uma companhia especializada para concluir o descarte com a queima dos insumos.

“Separar os resíduos da forma certa é uma decisão de cada um, pensando no bem coletivo”
Glauco Amorim Cruz, coordenador de Implementação da Política de Resíduos Sólidos da Secretaria de Meio Ambiente

De acordo com o diretor da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde (Divisa/SES), André Godoy, a orientação serve para pílulas, comprimidos, frascos de xarope, tubos de pomada, seringas e agulhas. Ele acrescenta que, no caso dos comprimidos, não se deve tirá-los da cartela para fazer o descarte.

“São as embalagens primárias, então não é recomendado que o consumidor descaracterize o medicamento mesmo que esteja vencido, porque pode afetar a visibilidade da data de fabricação e validade, dados importantes na hora do descarte correto”, alega. Já agulhas, seringas e outros itens perfurantes devem ser armazenados em recipientes resistentes, como latas ou potes, para que não haja descaracterização da própria embalagem ou acidentes.

Equipamentos próprios recebem o descarte de produtos considerados tóxicos e fazem com que menos materiais sejam enviados para os aterros e lixões, reduzindo o impacto ambiental negativo | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Quando vazios, os frascos, as cartelas, ampolas, tubos e outras formas de embalagens podem ser jogados no lixo comum. O mesmo vale para as caixas de papel e bulas, que não têm contato direto com o medicamento.

Perigo ao meio ambiente

O descarte desses itens no lixo comum, para o recolhimento pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), pode causar prejuízos ao meio ambiente, com a contaminação do solo e água. O mesmo pode acontecer com remédios jogados no vaso sanitário. Segundo o programa Descarte Consciente, que monitora a prática positiva em São Paulo (SP), cada quilograma de medicamento descartado incorretamente pode contaminar até 450 mil litros de água.

O coordenador de Implementação da Política de Resíduos Sólidos da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Glauco Amorim da Cruz, alerta que a contaminação causada pelo descarte incorreto pode atingir o lençol freático e corpos d’água, como rios, lagos e oceanos, além do próprio aterro sanitário, para onde é levado o lixo comum.

“Medicamentos vencidos, ao chegar a um aterro sanitário, podem provocar contaminação do chorume produzido pelos resíduos, devido a substâncias que podem ser tóxicas ou se tornar tóxicas após a decomposição”, explica Cruz, acrescentando que pessoas que entram em contato direto com o resíduo, como garis e catadores, também podem ser prejudicadas.

A Sema é responsável pela logística reversa dos resíduos gerados no DF, conceito que visa ao direcionamento dos itens pós-consumo para a reciclagem, obtenção de energia e para o tratamento correto, caso dos medicamentos inaptos para uso, que devem ser incinerados. Com isso, menos materiais são enviados para os aterros e lixões e é reduzido o impacto ambiental negativo.

“O simples gesto de fazer o correto, em vez do mais simples, pode causar diversos benefícios. Separar os resíduos da forma certa é uma decisão de cada um, pensando no bem coletivo”, salienta o coordenador.

A Sema mapeou pontos de descarte de medicamentos vencidos, pilhas, garrafas de vidro e radiografias, para facilitar a destinação dos resíduos de forma ambientalmente correta. Confira neste link.