Frutas, verduras e legumes com características que impedem a comercialização não precisam ir para a lata de lixo. Pelo contrário, mesmo que o produto não esteja perfeito esteticamente, ainda pode servir de fonte energética e nutricional para a população. O Banco de Alimentos de Brasília trabalha com o objetivo de intermediar a doação de itens como estes, que não são vendidos, a instituições sociais sem fins lucrativos que alimentam pessoas em situação de vulnerabilidade econômica.
São atendidas, mensalmente, mais de 42 mil pessoas por meio de 155 instituições cadastradas. Do total de contemplados, 19.991 recebem refeições diárias, fornecidas pelas entidades sem fins lucrativos. Outros 22.264 moradores têm acesso a cestas básicas que, neste caso, são entregues a 6.350 famílias.
Todos os meses, são distribuídas pelo banco, em média, 22 mil toneladas de alimentos. No ano passado, foram 1,230 milhão de toneladas. Entre janeiro e setembro deste ano, o montante chegou a 642.690 toneladas. A arrecadação ocorre por meio do Programa Desperdício Zero, de eixos de aquisição e de doações solidárias.
De acordo com a diretora do banco, Lidiane Pires, o papel da instituição é complementar às refeições oferecidas pelas entidades sem fins lucrativos. “O Banco de Alimentos de Brasília é um equipamento de segurança alimentar, que representa o abastecimento social público. É um trabalho realizado por diferentes agentes engajados em melhorar a vida da população”, explica.
A variedade de alimentos ocorre conforme a sazonalidade. Os mais comuns são abóbora, batata-doce, mandioca, cenoura, tomate, pepino, pimentão, banana, folhosos e temperos em geral.
Para participar, as entidades sociais precisam se cadastrar por um formulário, disponível no site, e anexar documentos como estatuto social da instituição e estratificação do público beneficiário. Veja aqui a lista completa de entidades participantes.
Arrecadação
O Programa Desperdício Zero mobiliza agricultores e empresários a não jogarem fora alimentos sem condições de venda, mas ainda passíveis de consumo humano. As doações incluem desde itens frescos que não foram vendidos a outros que apresentam algum “defeito” na aparência, mas ainda preservam os componentes nutritivos.
Os produtos são levados para a sede do banco, na Ceasa, pelos próprios doadores e passam por uma triagem visual, em que os nutricionistas verificam se há algo estragado ou com outros problemas. Depois, os alimentos são separados para a entrega às instituições, que buscam o alimento com caminhão próprio, em data e horário previamente agendados.
Por fim, no eixo de doações solidárias, trata-se da compra de alimentos da agricultura familiar, por meio de recursos federais e distritais, para a doação ao Banco de Alimentos. A aquisição é gerenciada pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e os produtores recebem apoio e assistência técnica pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal. O banco faz a logística de recebimento e distribuição dos alimentos.
Lidiane Pires analisa que o processo é benéfico para os produtores, que aprendem a produzir em larga escala, e para os beneficiários das entidades sociais, que recebem alimentos de qualidade gratuitamente. “Quando o alimento chega sem as condições exigidas, o agricultor é comunicado sobre o erro e recebe orientações de como melhorar a produção. É como se fosse uma escola”, diz.
“Assim, ele consegue aprender a produzir em grandes quantidades e, futuramente, poderá vender com mais lucro, para maiores distribuidores. O objetivo é que não falte alimentos nem para quem pode pagar, nem para quem não pode que, por outro lado, é beneficiado ao receber as doações de produtos de qualidade”, completa a gestora.
Por fim, há ainda o eixo de doação solidária. Ocorre quando empresas privadas, órgãos públicos federais e distritais realizam eventos e campanhas com arrecadação de alimentos diversos e doam ao Banco de Alimentos, responsável pela distribuição.