Além das aulas de karatê, judô, jiu-jitsu, boxe chinês, muay-thai, futebol e ginástica oferecida a cerca de 1,4 mil crianças, jovens e adultos, o 14º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), em Planaltina, incluiu nos serviços prestados à comunidade, em setembro, um curso prático de defesa pessoal voltado ao público feminino. A iniciativa surgiu após casos de violência contra mulheres na cidade, principalmente o da advogada Letícia Curado, ocorrido no fim de agosto.
“Percebemos que, além do interesse das mulheres pelas artes marciais do projeto, seria um momento interessante para criar uma turma com foco na autodefesa. Bem mais do que ensinar a se defender, a ideia é trabalhar a sensação de segurança e a autoconfiança nas alunas”, afirmou o comandante da unidade, major Genilson Duarte. Após um mês e meio de treinos divididos em duas aulas semanais, a primeira turma se formou na última quinta-feira (7). Outras 180 mulheres estão na fila de espera para novas turmas, que devem ser abertas a partir deste mês.
Na avaliação do instrutor e subtenente da reserva da PMDF, Jobson dos Santos, antes de aprender a se defender, é importante que a mulher evite situações de risco. “A primeira aula do curso é uma palestra com dicas preventivas de segurança. É importante saber como se portar quando estiver sozinha em casa, na rua, ou quando sair de um restaurante ou bar à noite. É necessário, também, alguns cuidados ao usar serviços de aplicativos e ao pegar caronas”.
As aulas práticas, de acordo com o subtenente, são importantes nos casos de confrontos de “mãos livres”, ou seja, quando o agressor não está armado. “Se defender de um enforcamento simples pode, em muitos casos, salvar vidas. Esse é o método mais utilizado pelos criminosos. Ensino também técnicas para se livrar de puxões de braço, o que é muito comum em abordagens na rua, e também técnicas de ataque para casos extremos”. Jobson pratica Jiu-Jitsu há 25 anos e é faixa preta terceiro grau na modalidade.
A advogada Angelita Soares se surpreendeu com o resultado final do curso e recomenda a todas as mulheres. “As guerreiras que começaram o curso não são as mesmas que terminaram. Com as lições que aprendemos, saímos muito mais confiantes e seguras do que antes”. Já a professora Vilma de Souza iniciou as aulas com o objetivo de ajudar outras mulheres a se defender. “Além das técnicas de luta, aprendemos que evitar os primeiros sinais de uma agressão pode fazer toda a diferença”.
O projeto
O “14º.com” (“.com” de comunidade) foi criado em 2008 com objetivo de atender jovens vulneráveis, seja pela ausência dos pais, por mau desempenho ou problemas de comportamento. O objetivo é integrá-los à metodologia do projeto, que é de prevenir a violência por meio da disciplina e da aproximação com os policiais. Outra característica importante do projeto é o fortalecimento dos laços com a comunidade local, um dos pilares da prevenção primária e do policiamento comunitário.
De acordo com o coordenador, sargento Luiz Rodrigues Neirão, além de receber pedidos da comunidade em geral, o projeto atende demandas de escolas da região, do Conselho Tutelar e da Vara da Infância e da Juventude. “O aluno tem que respeitar os colegas durante as atividades e, principalmente, os pais em casa. Os próprios pais dos alunos, que acabam frequentando o batalhão, nos dão retorno de como o filho se comporta em casa. Essa é a nossa proposta e tem dado muito certo”, enfatiza o policial militar.
Além de oferecer esporte e lazer, há também a escola de línguas na unidade, que oferece aulas de Francês, Inglês e Libras. Os professores são militares ou voluntários, sendo a maioria com formação em educação física. Para fazer parte do projeto os jovens em idade escolar precisam estar frequentando a rede pública ou particular de ensino, e seguir as regras do batalhão. Como as aulas acontecem nos três turnos, a unidade policial é frequentada pela comunidade durante todo o dia.
Ginástica nos bairros
Aulas de ginástica também são oferecidas pelo projeto e, atualmente, atende cerca de 225 alunos por dia em seis pontos da cidade. “Desde o início do projeto, a comunidade vem ao batalhão para lutar ou jogar. Percebemos que muitas pessoas, de áreas mais carentes, tinham dificuldades para vir até o quartel. Então, resolvemos ir até eles, para inclui-los às atividades”, destaca o major Genilson Duarte, comandante do batalhão. A partir disso, a ginástica comunitária passou a ser oferecida nos bairros Vila Nossa Senhora de Fátima, Arapoangas, Vilas Buritis e Vicentina e Vale do Amanhecer. Há ainda um núcleo que funciona em parceria com a Secretaria de Saúde, no Hospital Regional de Planaltina, com o programa Medida Certa, de acompanhamento nutricional e atividades físicas.
Inscrições
De acordo com o coordenador, todas as modalidades do 14º.com, exceto a escolinha de futebol, estão abertas para pessoas acima de seis anos. No caso do futebol, só podem se inscrever jovens de seis a 17 anos. As solicitações podem ser feitas na sala da coordenação do projeto, que funciona no 14º batalhão da Polícia Militar, no Setor de Áreas Especiais Norte, próximo ao cemitério de Planaltina. Menores de idade devem estar acompanhados dos pais.
Para garantir a vaga é preciso entregar cópias do RG ou da certidão de nascimento, do comprovante de residência, declaração escolar e duas fotos 3X4. Mais informações pelo telefone 3190-1452 ou na própria unidade.
Informações do Site da SSPDF – Texto: João Roberto, da Ascom – SSP/DF – Edição: Lanna Morais