A Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como bancada da bala, demonstrou apoio aos policiais militares no Ceará, mas se posicionou contra a paralisação.

Em nota divulgada nesta sexta-feira (21/02/2020), o grupo se disse preocupado com a situação da corporação e admitiu temer que o movimento se alastre para as polícias de outros estados.

“Somos contrários a qualquer tipo de paralisação por parte dos policiais, estamos pedindo serenidade e responsabilidade para os lideres dos movimentos”, disse o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP), presidente da bancada.

O deputado afirmou que trabalha junto com governadores e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para discutir o assunto. “Infelizmente, não temos sequer uma dotação orçamentária obrigatória para segurança”, defendeu o parlamentar.

Entenda

Os protestos da Polícia Militar cearense se inflamaram após uma proposta de reestruturação salarial da categoria promovida pelo governo estadual, chefiado pelo petista Camilo Santana.

Desde a última terça-feira (18/02/2020), policiais encapuzados estão investindo contra quartéis e viaturas da corporação para a qual trabalham, a Polícia Militar.

Nessa quarta (19/02/2020), um grupo amotinado circulou em viaturas pela cidade de Sobral, a 230 km de Fortaleza, ameaçando comerciantes a fechar as portas.

No estopim da manifestação, o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE), apoiador do governo de Camilo Santana no estado, foi atingido por dois tiros de arma de fogo e parou no hospital.

Nessa quinta-feira (20/02/2020), o governo federal autorizou o emprego das Forças Armadas para operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado.

Veja a nota na íntegra:

“Estamos monitorando e preocupados com a situação da Polícia Militar do Ceará, em especial desse movimento alastrar para as PMs de outros estados.

Lembro que a PM é, talvez, a única instituição insubstituível do Brasil, seja por sua peculiaridade, seja pelo conhecimento da área em que atua ou pelo efetivo que permite estar presente em todos os municípios do Brasil 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Sem a PM, inevitavelmente, haverá a paralisação do comércio, indústria, escolas, judiciário, turismo etc… além do prejuízo irreparável na área da segurança haverá também um prejuízo econômico gigantesco.

Infelizmente não temos sequer uma dotação orçamentária obrigatória para segurança, assim como ocorre com a educação e a saúde, durante décadas a segurança ficou relegada a um segundo ou terceiro plano, tentamos (sem sucesso) pegar uma partilha do pré sal para garantir um piso nacional para segurança.

Além das questões salariais, falta uma legislação que dê segurança jurídica para os policiais trabalharem, um país com 50.000 mortes violentas ao ano, facções criminosas cada vez mais poderosas, mais de 500 policiais assassinados em decorrência de sua atividade, agravadas pelo maior número de suicídios de policiais do mundo, é algo que exige um tratamento prioritário por parte do executivo e legislativo.

Para piorar, os policiais são considerados a última categoria de trabalhadores escravos do Brasil, pois têm a insalubridade no grau máximo, periculosidade no grau máximo e uma jornada de trabalho acima de 200 horas mensais, o que faz com que sua profissão seja considerada análoga à escravidão.

Somos contrários a qualquer tipo de paralisação por parte dos policiais, estamos pedindo serenidade e responsabilidade para os lideres dos movimentos, mas também estamos solicitando reuniões com os governadores, presidentes da Câmara e do Senado para discutir o assunto.

Capitão Augusto
Presidente da Frente Parlamentar de Segurança”

Informações do Portal Metrópoles