O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que a primeira votação remota da Câmara deverá incluir projetos consensuais na área social, da saúde e da educação. Entre os projetos que poderão ser votados nesta quarta-feira (25) estão propostas da área da saúde, como o que regulamenta a telemedicina; da área da educação, que transfere recursos da alimentação das escolas para as famílias; e um projeto da área social, que ainda está sendo elaborado, que trata dos mais vulneráveis e que podem sofrer um impacto mais forte da crise da pandemia.
“Teremos uma pauta mais consensual na área de saúde, temas que estão sendo demandados pelos hospitais e médicos; da área da educação e o da área social, para termos uma harmonia. Nessas votações não podem ter vitoriosos e derrotados”, disse o presidente.
Segregação do Orçamento
Mais cedo, Maia havia dito que poderia votar uma proposta de emenda à Constituição que cria um orçamento próprio para o enfrentamento da crise do coronavírus, de forma a não impactar as despesas futuras do atual orçamento fiscal do governo. Ele disse que o texto ainda está sendo construído e tem buscado apoio entre líderes e a equipe econômica do governo para votar e aprovar a medida, mas não deu indicação de quando o texto irá a voto. Maia conversou com jornalistas da Globo News na tarde desta terça-feira (24).
Maia reforçou a necessidade de aprovar uma PEC que segregue o Orçamento para que os gastos de curto prazo para o enfrentamento da crise do coronavírus, não impacte o orçamento a médio e longo prazo e garanta previsibilidade do gasto público brasileiro.
“O texto está terminando de ficar pronto. A gente não pode enfrentar a crise contaminando o futuro; vamos garantir mais transparência, mais agilidade e uma garantia jurídica melhor para os agentes públicos que vão tomar as decisões”, explicou Maia.
Ritos MPs
Em relação à Medida Provisória 928/20, que suspende o prazo de 20 dias que os órgãos públicos têm para responder questões com base na Lei de Acesso à Informação, Maia afirmou que tem dialogado com o governo e com líderes para construir um texto adequado. Segundo ele, o mais importante nesse momento é criar um rito célere para apreciação das MP’s para poder apreciar o texto de forma mais rápida e corrigir eventuais excessos no texto.
“A cada MP não devemos ficar fazendo crítica; fizemos uma análise de manhã, estou dialogando com presidente Davi [Alcolumbre, presidente do Senado] e com os secretários da Mesa das duas Casas para construir um rito sumário, com tramitação mais rápida e poder ajustar o que tem de excesso nessa ou outra MP. Temos muitas dúvidas (em relação a essa MP) e estamos dialogando com o governo”, disse Rodrigo Maia.
Na entrevista, Maia também destacou que, neste momento, o foco deve ser garantir a vida, os empregos e a saúde dos mais vulneráveis. Depois que a crise passar, vai ser necessário, segundo Maia, avaliar o impacto da recessão na economia e dar continuidade às reformas administrativa e tributária.
“Depois disso, temos que ver quanto vai cair a arrecadação; todos os estados e municípios vão desenquadrar na LRF, enfim, todos precisam se readequar, no setor privado e no setor público, senão não haverá condições nem de pagar salários nem de ter a administração pública funcionando”, afirmou Rodrigo Maia.
Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Wilson Silveira