A pandemia do novo coronavírus fez surgir uma nova modalidade de shows: as lives em redes sociais, especialmente no Instagram. Os cantores e cantoras, por exemplo, têm usado e abusado desse artifício, inclusive com apresentações patrocinadas. E os atletas? Tão artistas quanto, com tantos ou mais seguidores que o pessoal da música, eles ficam alijados dessa opção pelo simples fato de que seus espetáculos e os grandes feitos que realizam, são únicos. E por isso até, ainda mais memoráveis.
O futebol é bem semelhante ao teatro, por exemplo. Que emoção fica de fora de uma partida? O torcedor vivencia o drama, a alegria – e até mesmo a comédia, canta como num musical, presencia o surgimento de heróis e vilões e tem diante dele o desenrolar de uma história. Com a diferença de que no teatro você sabe o final e a peça, no dia seguinte, será a mesma. No futebol, cada apresentação tem um novo final.
O mesmo podemos aplicar às mais diversas competições, quando vamos assistir a determinado artista e voltamos para casa surpresos porque um coadjuvante roubou a cena.
O dia 7 de abril é o Dia do Jornalista, e nenhum outro vive tantas emoções, presencialmente, quanto o jornalista esportivo. Estamos no estádio vendo o gol acontecer, numa piscina ou numa pista assistindo a um recorde ser batido, num ginásio presenciando o surgimento de um novo ídolo, a conquista de uma medalha, a superação de uma marca. Uma live sem igual.
Com certeza estamos todos ansiosos para voltar a ver tudo isso acontecendo de novo. Mas temos de respeitar o isolamento social para vencer o adversário comum. E, enquanto isso, lamentar que nossos artistas não possam promover lives simplesmente porque nada se compara ao que acontece num campo, numa quadra, piscina ou pista. Ou seja lá em que palco for. Não dá para repetir.
Por isso o esporte é tão magnífico e especial. Um remédio para vencer qualquer tristeza.
*Sergio du Bocage, é o apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil
Edição: Denise Griesinger