Durante minhas aulas de Chefia e Liderança nos cursos de nivelamento fiz muitas amizades, revi muitos amigos do passado e o mais importante: aprendi muito com os policiais mais antigos. A vida é uma grande escola, devemos sempre estar em condições de aprender ou de ensinar algo.
Aprendi muito cedo que as pessoas passam em nossas vidas o tempo necessário para nos ensinar ou simplesmente para aprender algo.  Espero que tenhamos muito a aprender e a ensinar nesse espaço, assim permaneceremos juntos por muito tempo.
É importante ver o crescimento de cada um daqueles que nos acompanha desde o início de nossa jornada no mundo virtual. Nessa peregrinação, por esse mundo estranho, muitos ficaram no meio caminho, mas muitos ainda persistem na luta. A vida também é assim, quantos iniciaram conosco e hoje nem mesmo sabemos onde estão?
Aqueles que se julgam donos da verdade não suportarão a caminhada, pois ela é árdua e cheia de imprevistos. Aqui é somente um espaço virtual onde plantamos sementes. A maioria não florescerá, outras nem sequer brotarão. Eu diria que a maioria das sementes aqui plantadas são boas, mas infelizmente os solos que as tem recebido não são tão fertéis…
Hoje depois de muito tempo parei para refletir sobre o texto do meu ex-aluno, 3º SGT Narciso, e gostaria de compartilhar com os senhores a sua reflexão:
“Tenho vinte e três anos de polícia militar e nessa jornada vi acontecer muitas coisas, dentre todas elas venho notando uma lenta, mas progressiva mudança na forma de comandar, portanto gostaria de falar sobre chefia e liderança dentro do nosso contexto da Polícia Militar do DF. É claro que para isso li algumas obras sobre o assunto, que aliadas aos meus conhecimentos práticos, levaram-me a seguinte conclusão:
É um assunto intrigante e controverso falar sobre liderança dentro da Corporação, até porque temos uma cultura militar arraigada. Creio que na PMDF temos chefes e não líderes. Mesmo tendo bons chefes, além dos ruins, ainda somos carentes de líderes. Para exemplificar o que digo gostaria de fazer uma comparação com o que acontece hoje nos times de futebol. Se o time vai mal, troca-se o técnico, para o bem ou para o mal nenhum grupo atingirá seu objetivo sem um chefe. Observando a polícia militar há muito tempo percebo que os nossos chefes não se preocupam em exercer sua liderança. Nossos chefes deveriam ter a capacidade de compreender a importância de sua posição. Deveriam aprimorar-se constantemente, mantendo em mente que suas qualidades, natas ou inatas, são suscetíveis de aprimoramento e desenvolvimento constante.
Como seria bom se nossos comandantes e chefes tivessem a consciência da importância que eles tem para a Organização, até porque sua chefia está totalmente ligada e legitimada pelo cargo que ocupam na administração, após concurso público, baseado em uma carreira bem trilhada.
Por quantas vezes nos deparamos nos quartéis com chefes que não se preocupam com seus subordinados, nem tampouco com as instalações de nossa administração, o que faz com que eles se distanciem cada vez mais de um modelo baseada nas relações humanas e no tratamento digno dos liderados.
É compreensível que o chefe tenha suas limitações, elas devem ser compreendidas e aceitas por ele e pelo próprio grupo para se evitar que erros sejam cometidos e desgastes desnecessários surjam em nosso meio, mas tais limitações não podem tornar-se desculpas para nossa incompetência.
Durante muito  tempo vivemos sob o comando de chefes autoritários, que nem sempre trilharam bem sua carreira. Com isso, vivemos vários anos sob um regime totalitário, onde as praças não podiam expressar suas idéias, eram humilhadas e subjugadas.  A falta de conhecimento e esclarecimento das praças abriu espaço para discursos separatistas dentro da Corporação.  A ausência de lideranças, aliada a discursos inflamados pelo ódio, cheios de promessas mirabolantes, tais como: desmilitarização das polícias e unificação das polícias civis e militares, fez surgir vários deputados oriundos das praças.Isso vem arrastando-se por décadas.
Atualmente o cenário vem mudando. Nossos policiais estão mais instruídos, conhecedores de seus direitos e deveres. Hoje nossos policiais sabem questionar e argumentar, sempre discernindo o que é possível e o que não é.
A cada dia torna-se mais difícil surgirem novos líderes em nossa Corporação. Os chefes estão a cada dia mais afastados do conceito de liderança. No passado,  identificava-se o líder por seus “adereços”, “medalhas”, ou simplesmente pelo seu posto. A cada dia que passa fica mais claro o conceito de que: liderar é influenciar, está é a verdadeira essência da liderança. Podemos citar grandes influências e líderes: Mahatma Gandhi, Chico Mendes, Bernardinho, Luiz Inácio Lula da Silva, Luther King, Mandela, dentre outros.
Em nossa sociedade necessitamos de líderes. Precisamos de pessoas que não legislem em causa própria, sejam elas entre oficiais ou praças, que não apareçam apenas de quatro em quatro anos, dizendo ter feito isso ou aquilo pela categoria e que os outros tiveram a oportunidade de fazer e não fizeram.
Antes de encerrar, gostaria de deixar uma pergunta:
Onde estão aqueles que intitulam-se líderes da PMDF? Por que não lutam por uma causa comum ao invés de defenderem apenas seus próprios interesses?
Como disse no início, nossa cultura ainda é muito arraigada, mas espero que estejamos caminhando para uma evolução e que em um futuro próximo possamos encontrar verdadeiros líderes. Que eles possam elevar ainda mais o nome de nossa Corporação, fazendo com que sejamos respeitados e admirados pela comunidade.
Lendo alguns títulos sobre líderes militares listei algumas características para um bom líder militar:
É persuasivo, tem estilo próprio, questiona hipóteses, suspeita de traições, decide no fato, não no preconceito, é observador e sensível, conhece a equipe e desenvolve a confiança mútua dentro dela, estabelece objetivos claros, define ações individuais, delega real autoridade, pouco interfere, elogia mais que critica, é humilde e bem humorado, encoraja a iniciativa, assume a culpa e reparte o sucesso.”