O governo da Argentina prorrogou, mais uma vez, o prazo de renegociação da dívida de US$ 68 bilhões com credores internacionais. O vencimento anterior terminou na sexta-feira passada (22), e o novo limite é 2 de junho, podendo ser prorrogado por mais dez dias, até 12 de junho. O governo argentino fez uma nova proposta e tem intenções de chegar a um acordo com os credores.
A Argentina havia feito uma proposta anterior, que teve pouca adesão e foi rejeitada no início do mês. Cerca de 83% dos credores recusaram, e a negociação mostrou-se inviável. Sem conseguir um acordo até a semana passada, o país entrou, tecnicamente, em default (descumprimento de obrigações financeiras). Com a extensão das negociações até 2 de junho, no entento, os credores não ativarão judicialmente a “aceleração dos pagamentos” e as cláusulas de “vencimento cruzado” (cross default).
A aceleração de pagamentos consiste no pagamento antecipado e imediato do total de juros. E o cross default ocorre quando se assume que, se um título não for pago em hora e forma (neste caso, os que não foram pagos em 22 de abril), o mesmo acontecerá com todos os demais.
No entanto, como as negociações continuam, não deve haver grandes desdobramentos, e o país ganhará mais tempo para evitar o default. “Não vamos assumir nenhum compromisso com nossa dívida que adie o que os argentinos que estão trancados em suas casas estão esperando: sair, produzir e fazer a Argentina crescer. Não vamos sujeitar a Argentina a novos compromissos que não podemos cumprir”, afirmou o presidente, Alberto Fernández.
Os termos do novo plano de pagamento proposto pelo governo argentino não foram divulgados oficialmente por estarem respaldados pelo acordo de confidencialidade (NDA – non-disclosure agreement, em inglês).
Segundo o ministro da Economia, Martín Guzmán, a Argentina tem um limite na negociação com os credores, pois necessita cumprir o plano de sustentabilidade da dívida acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em um artigo publicada ontem (24), pela britânica BBC, o economista norte-americano Jeffrey Sachs, analisou a situação argentina e a de outros países. “É provável que se produza um descumprimento dos pagamentos [de dívida] porque, embora o país trnha feito uma oferta muito profissional e acertada aos credores, sobre como evitar o default, estes não são muito inteligentes para evitar sua própria quebra. portanto, é provável que vejamos um descumprimento de pagamentos”, diz Sachs no texto.
Quarentena estendida
Neste fim de semana, Fernández anunciou a extensão por mais duas semanas, até o dia 7 de junho, da quarentena social, preventiva e obrigatória. A decisão foi tomada após Fernández conversar com governadores e prefeitos, além de uma equipe de médicos e infectologistas, a quem o presidente sempre consulta sobre as questões relacionadas à covid-19.
No sábado (23), foram confirmados 704 novos casos de infecção pelo novo coronavírus, 98% deles na região metropolitana de Buenos Aires, a mais afetada no país.
Na Grande Buenos Aires, com a extensão da quarentena, as pessoas deverão solicitar permissão para circular nas ruas, e o transporte público terá os controles endurecidos, funcionando exclusivamente para o deslocamento de trabalhadores de atividades essenciais.
De acordo com o governo, a atenção está voltada especialmente para os bairros mais pobres, onde os testes serão intensificados e se aprofundarão as políticas para garantir alimentos à população.
O resto do país seguirá no caminho da reabertura gradual de atividades. “Hoje, em um grande número de províncias, 80% da atividade econômica já foi retomada”, disse Fernández.