Para atender às medidas de isolamento social de combate à covid-19, a tradicional confecção de tapetes com sal e outros tipos de alimentos como arroz, feijão e pó de café, no Dia de Corpus Christi, em frente à Catedral de São Sebastião, no centro do Rio, não vai ocorrer, por decisão da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Em anos anteriores, o que se via era a chegada de fiéis animados e com a mensagem de paz, que começavam a produzir os tapetes ainda na madrugada. A solução para manter um pouco da tradição foi orientar a confecção de tapetes virtuais. Os fiéis se organizaram pela internet e produziram algumas peças.
A também tradicional procissão de Corpus Christi, dessa vez, foi substituída por uma pequena carreata para levar a imagem do Santíssimo Sacramento, do Santuário de Adoração Perpétua, também conhecido como Igreja de Sant’Anna, até Catedral na Avenida Chile, onde foi realizada uma oração e bênção final do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta.
Em mensagem aos fiéis, dom Orani lembrou que este mês de junho, originalmente, é dedicado ao coração de Jesus e, ainda, às festas juninas, que este ano serão diferentes e sem a presença das pessoas. “Todas as cerimônias de celebração serão virtuais”, observou.
Dom Orani manifestou também a vontade de ver a volta das celebrações presenciais, mas destacou que antes é necessário manter as medidas para evitar a contaminação pelo novo coronavírus (SARS CoV2). “Desejo que o quanto antes possamos participar da missa presencialmente, que é o desejo de todos. Estamos rezando para que assim aconteça, organizando-nos e também rezando para que diminua essa incidência da pandemia”, apontou.
À noite, o arcebispo do Rio celebra uma missa no Santuário do Cristo Redentor e depois haverá a projeção dos tapetes na imagem do Cristo. Segundo padre Omar, pároco do santuário, tudo será transmitido pelo seu canal no YouTube.
São Gonçalo
Na região metropolitana do Rio, a orientação para evitar a presença dos fiéis nas igrejas e nas áreas externas é a mesma. Em São Gonçalo, onde também é forte a tradição de Corpus Christi. pela primeira vez em 23 anos, a confecção do tapete, considerado o maior da América Latina, será virtual.
Diferentemente de anos anteriores, quando o tapete era confeccionado na extensão da Rua Doutor Feliciano Sodré, no centro da cidade, durante a pandemia, os fieis foram convidados pelo arcebispo de Niterói, dom José Ferreira, a mandarem artes sem a utilização de produtos perecíveis, apenas materiais recicláveis, para compor um painel virtual.
Organizadora da produção, a jornalista Ingrid Bianchini, 39 anos, disse que o interesse foi tanto que a arquidiocese recebeu mais de mil imagens, uma delas vinda da Diocese de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Todas elas serão divulgadas nas redes sociais da arquidiocese, depois da celebração da missa pelo arcebispo, às 17h, na Catedral de São João Batista, que estará de portas fechadas, mas com transmissão ao vivo pela internet.
Para Ingrid, que há oito anos trabalha na confecção do tapete, é frustrante não poder estar presencialmente na celebração e na confecção do tradicional tapete do município onde mora. Ela destaca que esse é um momento diferente vivido pela humanidade e que o importante é manter a mensagem do dia de Corpus Christi.
“Hoje a gente vai tentar viver esse momento de maneira diferente, porque daqui para frente nada vai ser tão normal assim, mas a unidade ficou de certa forma. A gente não tem a comunhão com outras pessoas mas as famílias mostraram a sua arte, pessoas que não atuavam e conseguiram fazer o tapete em casa. A unidade se firmou muito dentro dos lares. Jesus hoje, não vai passear nas avenidas e nas ruas, mas ele vem passear dentro de nossas casas”, disse.