Tropas de elite da Polícia Militar (PM) ocupam, desde a noite de terça-feira (7) e madrugada de hoje (8), várias comunidades na região da Praça Seca e o bairro do Tanque, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, devido a uma guerra entre traficantes e milicianos pelo controle do território, que abrange várias comunidades, e do comércio de drogas e na região. Três suspeitos de envolvimento na disputa morreram em confronto com as forças de segurança.
Tudo começou quando criminosos do Comando Vermelho, a maior facção do Rio, saíram das comunidades do Lins de Vasconcelos, na zona norte, durante a noite e atravessaram a mata fechada até a Praça Seca, onde fica o Morro São José Operário, no final da Rua Barão, que é dominada pela milícia. Grupos de traficantes armados invadiram e tomaram o morro, depois de intenso tiroteio, com uso de armas pesadas e de granadas. Em menor número e em desvantagem no armamento, os milicianos se retiraram.
Os moradores das favelas Bateau Mouche, Barão, Covanca e Caixa d’Água pediram pelas redes sociais a atuação da PM para acabar com o confronto entre traficantes e milicianos, por causa do intenso tiroteio. A ação polical estende-se até a área de mata fechada, onde os traficantes se refugiam.
Suspensão das operações
No dia 5 de junho deste ano, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar proibindo a realização de operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19, sob pena de responsabilização civil e criminal das autoridades competente. Pela decisão de, as operações só podem ser ralizadasr “em hipóteses absolutamente excepcionais”.
Em tais casos, as ações devem ser “devidamente justificadas por escrito” pela autoridade competente com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), responsável pelo controle externo da atividade policial. A ação de hoje encaixa-se nessa hipótese, porque os moradores da região estavam em meio ao fogo cruzado, com as famílias em risco, devido à força das quadrilhas.
Autorização
Em nota, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Criminais do MPRJ informou ter recebido, nesta quarta-feira, comunicado da Polícia Militar sobre as operações realizadas nas comunidades do Campinho e Saçu (área de policiamento do 9º Batalhão da PM)) e do Barão e Bateau Mouche (área de policiamento do Batalhão de Jacarepaguá).
O Centro de Apoio Operacional Criminal (CAO) do Ministério Público esclareceu que a decisão de Fachin não retira das polícias a avaliação exclusiva dos casos em que deva agir, cabendo informar à procuradoria posteriormente a notícia de atividades realizadas neste período excepcional. Para tanto, acordo entre as instituições estabelece prazo de até 24 horas após o início da operação para tais informações.
Por fim, o CAO Criminal informa que eventuais irregularidades cometidas deverão ser analisadas pelas promotorias de Justiça com atribuição para cada um dos casos.
Participam da operação equipes dos batalhões de Operações Especiais (Bope), de Ações com Cães, das Rondas Especiais e Controle de Multidões, e além do Grupamento Aeromóvel, que monitora as comunidades pelo ar, usando o helicóptero blindado da corporação.
A ação não tem hora para terminar. Com apoio de cães adestrados, as tropas de elite do Bope estão fazendo uma varredura nas comunidades à procura de criminosos, armas e drogas.
Em nota, a PM informou que, até o momento, foram apreendidos um fuzil, duas pistolas, duas granadas, roupas camufladas idênticas às das Forças Armadas e cadernos de anotações da contabilidade do tráfico de drogas, referentes à venda de entorpecentes.