O jornalista Washington Novaes morreu na noite de ontem (24), em Aparecida de Goiânia, Goiás, aos 86 anos. No último dia 13, ele foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino e não resistiu às complicações decorrentes do procedimento.
O jornalista e documentarista atuou nas redações dos principais jornais e emissoras do país e é referência na cobertura de temas ligados ao meio ambiente e aos povos indígenas.
“Além de nós, filhos que ficamos órfãos, perdemos essa referência dele, e da minha mãe e dos netos que ficam sem ele, é uma perda muito grande para o Brasil pela referência que ele foi em trazer a pauta ambiental para dentro da grande mídia, quando pouco se falava sobre esse assunto na década de 80 e, sobretudo, na defesa dos povos indígenas”, disse à Agência Brasil o cineasta Pedro Novaes, filho do jornalista. “Acho um legado importante que eu espero que possa nos inspirar nesse momento tão difícil no Brasil”, completou.
Novaes dirigiu duas grandes séries de documentários sobre os povos indígenas do Xingu. Em 1984, revelou as culturas indígenas da região e, vinte anos depois, retornou aos mesmos locais para retratar as mudanças e pressões culturais e ambientais sobre as comunidades.
Nas redes sociais, diversas autoridades e profissionais da imprensa manifestaram pesar pela morte de Novaes. O deputado federal Rodrigo Agostinho, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados e coordenador da Frente Ambientalista do Congresso, reconheceu a trajetória do jornalista. “Tive o privilégio de acompanhar seu trabalho desde a minha adolescência. Era uma bússola para os jovens, referência de crítica e luta socioambiental. Meus sentimentos aos amigos e familiares”, escreveu.
O jornalista André Trigueiro, que também atua na área ambiental, disse, em vídeo, que o legado de Novaes continuará vivo nas gerações seguintes de jornalistas. “Tudo que eu sou nessa profissão na área ambiental eu devo ao exemplo, à contundência e coragem do mestre Washington Novaes. A trajetória dele abriu caminhos para várias gerações de jornalista que entenderam ser possível, sem prejuízo da isenção e da imparcialidade, denunciar o que não pode ser objeto de qualquer dúvida, que é a defesa da vida, do meio ambiente e dos direitos das comunidades indígenas”, destacou.