As apreensões de drogas registradas em setembro de 2020 nas delegacias de todo o Ceará estabeleceram um novo recorde na série histórica de apreensões no Estado. Em apenas um mês, foram 5.290,32 quilos de maconha e seus derivados, cocaína e crack recolhidos pelos agentes municipais, estaduais e federais que atuam em território cearense. Setembro de 2020 foi responsável por ultrapassar toda a quantidade de drogas do ano passado inteiro e também é o mês com a maior quantidade de drogas retiradas das ruas desde 2013, quando esse levantamento começou a ser contabilizado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS/CE). Planejamento, aprimoramento de investigações, expertise na área e ações conjuntas ajudam a compreender os números.
Este ano, inclusive, já se aproxima de quebrar outra marca histórica nos índices de entorpecentes apreendidos no Ceará. Os nove primeiros meses de 2020 já acumulam 7.097,31 kg de drogas apreendidas, chegando próximo ao acumulado de 2017, quando as forças de segurança apreenderam 7.280,33 kg de entorpecentes nos 12 meses do ano. A maior apreensão de setembro de 2020 aconteceu em Aquiraz, quando policiais militares apreenderam 4,21 toneladas de maconha prensada.
O rigor das forças de segurança no combate ao tráfico de drogas vai muito além das apreensões diárias. O aprofundamento das investigações conduzidas pelas delegacias da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) tem como foco os responsáveis pelo fornecimento, negociação e transporte dos materiais ilícitos. Atendendo às orientações do secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, três unidades da Polícia Civil foram designadas para reforçarem a troca de informações que serão alimentadas pelas apurações sobre o comércio de drogas no Ceará. São elas: a Delegacia de Narcóticos (Denarc), a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
“Já determinei a Polícia Civil do Ceará uma intensificação na repressão ao tráfico de drogas aqui no Estado, uma vez que dentro de todo esse trabalho maior que é feito de combate aos grupos criminosos que vêm atuando aqui no Estado, reprimir o tráfico de drogas significa cortar a principal fonte de financiamento desses grupos. Com menos recursos, eles terão obviamente maior dificuldade em atuar, representando num ganho para segurança pública dentro desse trabalho de repressão aos grupos criminosos, e na melhora na segurança pública do Ceará”, ressalta o secretário Sandro Caron.
Investigação e inteligência
A Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), que passará a se chamar Delegacia de Narcóticos (Denarc), é a unidade especializada da Polícia Civil do Ceará em desarticular grupos criminosos que atuam com o comércio ilegal de drogas no Estado. A cada nova apreensão, a DCTD e as demais delegacias da Polícia Civil aprofundam os trabalhos investigativos com objetivo de identificar a procedência dos ilícitos, o destino final, os suspeitos envolvidos nas ações criminosas, bem como desmontar a cadeia criminosa por trás da atividade ilegal.
Além da investigação, a DCTD também realiza abordagens policiais com base em informações do serviço de inteligência. As ofensivas são feitas em rodovias estaduais e federais, rodoviárias, portos e aeroportos regionais e internacional, em parceria com órgãos federais de fiscalização de tributos e de polícia, como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Receita Federal. As ações preventivas com os órgãos são sempre acompanhadas de perto pelos cães farejadores do Núcleo de Operações com Cães (NOC) da DCTD.
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Parte integrante da estratégia das forças de seguranças no combate ao crime é a descapitalização dos grupos criminosos. As atividades de polícia judiciária se estendem ainda por meio da investigação patrimonial feita pela Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD), unidade ligada ao Departamento de Recuperação de Ativos (DRA). São diversas ações de bloqueio/sequestro de bens e ativos. Com o enfraquecimento dessas organizações, é possível quebrar toda a cadeia criminosa que impacta diretamente na geração de novos crimes.
Descentralização e tecnologia
Uma das estratégias adotadas pelas forças de segurança do Estado foi a descentralização de unidades da Polícia Civil e da Polícia Militar para o interior do Estado. A descentralização das ações de combate ao tráfico de drogas e suas ramificações criminosas trouxeram inúmeros pontos positivos para as ações de repressão a esse tipo de crime que refletem diretamente nas prisões de suspeitos e nas apreensões de entorpecentes. Desde 2018, a Polícia Civil disponibiliza núcleos dedicados à investigação do tráfico de drogas em Sobral e Juazeiro do Norte, além de Núcleos Avançados de Inteligência (NAI) nas delegacias de Sobral, Crato, Crateús, Quixadá e Russas.
A Polícia Militar do Ceará (PMCE) também atua fortemente no combate ao tráfico de drogas. A corporação intensificou o policiamento nas cidades interioranas cearenses, principalmente aquelas que fazem divisa com os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Piauí. É o exemplo da incorporação da Companhia de Operações de Divisas (COD), que agora faz parte do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (Bepi) do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque). Junto com as tropas do Comando Tático Rural (Cotar), que também fazem parte do Bepi, os policiais militares realizam incursões diariamente em municípios do Interior do Estado com foco no fortalecimento das barreiras policiais, por meio de abordagens e controle de acesso a veículos suspeitos.
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Ferramentas intuitivas e de usabilidade simples também reforçam o trabalho desenvolvido pelos policiais tanto nas ações diárias na rua como também durante o levantamento de informações de inteligência nas investigações. A inteligência artificial aplicada ao Sistema de Videomonitoramento da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) auxilia a identificar veículos suspeitos, bem como colabora para traçar estratégias na realização de abordagens focadas, com economia de tempo e recurso financeiro.
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Soma-se ao trabalho ostensivo e investigativo, o apoio das aeronaves da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que teve suas bases expandidas para o Interior. São quatro bases localizadas em pontos estratégicos do Estado: Fortaleza, Juazeiro do Norte, Quixadá e Sobral, o que favorece um tempo menor de resposta nos atendimentos das ocorrências. Dez aeronaves da frota da Ciopaer reforçam as ações policiais dentro do Ceará e até no espaço aéreo de estados vizinhos, como o apoio a uma operação na região conhecida como “Polígono da Maconha”, no estado de Pernambuco.