O Instituto Moreira Salles (IMS) reabriu na Avenida Paulista, região central da capital, com uma exposição da fotógrafa chilena Paz Errázuriz. O espaço estava fechado há quase sete meses, desde o início da pandemia, e voltou a funcionar nesta semana, com a flexibilização da quarentena na cidade de São Paulo. A mostra traz 150 imagens e faz uma retrospectiva da trajetória da artista.
Autodidata, Errázuriz começou a trabalhar com fotografia na década de 1970, após abandonar a carreira de professora primária devido a ascensão da ditadura de Augusto Pinochet. Em 1981, fundou a Associação de Fotógrafos Independentes que documentou as manifestações e outras expressões de resistência contra o regime.
Manicômio e transexuais
Apesar da importância da cobertura desses fatos, Errázuriz voltou sua produção a trabalhos autorais em que estabelece relações com comunidades muitas vezes estigmatizadas. Frequentou por um longo período o hospital psiquiátrico Philippe Pinel de Putaendo, a 200 quilômetros da capital chilena, Santiago.
Na década de 1990, após estabelecer vínculos afetivos com as pessoas internadas, produziu O infarto da alma, ensaio em que retrata os casais que se formam ao longo dos anos no manicômio. Algum tempo depois, publicou Antessala da nudez, em que os pacientes são retratados no espaço para banho, mostrando a violência das instituições psiquiátricas que amontoavam pessoas apartadas da sociedade sob o estigma da loucura.
Em O pomo de adão, a fotógrafa registrou o cotidiano de transexuais que trabalhavam em bordeis de Santiano e Talca. Os registros mostram um pouco do dia a dia: se preparando para o trabalho, caminhando pelas ruas e os locais onde dormiam.
Visitação e segurança
A exposição é gratuita e vai até o dia 3 de janeiro. É preciso agendar a visita pela página do instituto.
“A gente ainda está vivendo a pandemia e a gente fez adaptações para seguir os protocolos e fazer uma experiência segura para todos, funcionários e visitantes”, enfatiza a coordenadora do IMS Paulista, Joana Reiss Fernandes.
Além dos horários marcados, os visitantes precisam usar máscara e foram feitas adaptações para a circulação dentro do prédio. “Para que as pessoas circulem pelo prédio sem se cruzar muitas vezes, garantir o distanciamento adequado. Então, a gente criou um percurso único”, acrescenta.
Mesmo com as mudanças, ainda é possível aproveitar a vista da Avenida Paulista na varanda do edifício, ponto onde grande parte do público aproveita para tirar fotos. “As pessoas podem tirar selfie de máscara. A gente pede que as pessoas façam isso na saída. Com o agendamento de horário, a gente consegue garantir poucas pessoas circulando pelo prédio ao mesmo tempo”, diz Joana.
Ela também pede para que o público evite levar mochilas e bolsas grandes, porque, devido aos protocolos de segurança, o guarda-volumes está fechado.