A catarinense Bruna Tomaselli, de 23 anos, representará o Brasil no grid de 2021 na W Series, categoria do automobilismo exclusivamente feminina. A piloto, que começou no kart aos sete anos de idade, conseguiu uma das 20 vagas através de um rigoroso período de testes no circuito espanhol de Almeria. Oito vagas foram disputadas por 15 competidoras. “Foram três dias de testes no carro. Mais dois de avaliações e conversas fora da pista”, disse a jovem piloto. As 12 melhores colocadas do primeiro ano da categoria completarão o grid no ano que vem.
A W Series, criada pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA), teve a primeira temporada em 2019 e a disputa deste ano foi cancelada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19). Para 2021, a categoria integrará a programação do calendário da Fórmula 1. Ainda sem as datas definidas, a expectativa é de que sejam realizadas pelo menos oito provas. “Vamos ser uma das categorias de apoio da F1, que é o topo do automobilismo. Estaremos juntos nos mesmo finais de semana. Vai ser demais para todas nós”, comemora a brasileira.
Na categoria, as competidoras têm todas despesas mantidas pela própria organização. Os carros são iguais e cada piloto recebe o seu apenas no final de semana da corrida depois de um sorteio, no qual também são definidos também os engenheiros e mecânicos que as acompanharão.” Na primeira temporada foi assim. A ideia é que a habilidade da piloto seja o grande diferencial. Talvez mude um pouco para o próximo ano. Mas a ideia deve seguir basicamente a mesma, valorizar a habilidade.” Os carros seguem o mesmo modelo dos usados na Fórmula 3 Europeia. Tem chassis Tatuus F3 T-318 e motores turbocharger de 270 cavalos. “É um carro bem moderno e bem rápido. Dependendo da pista, pode chegar aos 240 km/h. É um dos melhores que eu andei até agora”.
Na época da criação da categoria, a disputa exclusivamente feminina chegou a causar polêmica. A britânica Pippa Mann, que desde 2011 participa de corridas da IndyCar, lidera o grupo contrário à W Series. “Aqueles com recursos para ajudar pilotos mulheres estão escolhendo segregá-las, o que é o oposto de apoiá-las. Estou profundamente desapontada em ser testemunha deste retrocesso histórico”, disse a piloto no twitter quando a W Series foi criada. Mas a visão da brasileira é totalmente diferente. “Muitas falaram e depois até participaram da seletiva comigo. O objetivo da categoria nunca foi segregar ninguém. Bem pelo contrário. A W Series está abrindo portas. Eu, por exemplo, nunca teria essa oportunidade de andar com esses carros dentro do mesmo programa da Fórmula 1”.
Início do kart em Santa Catarina
Já se passaram 16 desde que a Bruna Tomaselli começou a correr de kart em Santa Catarina. “Sempre gostei muito de carros, de corridas. Desenhava vários automóveis. O meu pai, percebendo esse meu gosto, me deu um kart de presente quando eu fiz sete anos. No começo, era mais brincadeira. Tinha uma pista aqui perto de Caibi (município do oeste catarinense), onde eu nasci. Os primeiros treinos e provas foram lá”, lembra. Depois, ela foi crescendo e passando por todas as categorias do kart. O primeiro contato com carros de Fórmulas veio aos 15. Entre 2017 e 2019, esteve nos Estados Unidos participando das provas da USF 2000, categoria de base da Fórmula Indy. E agora, prestes a entrar na W Series, ela sabe bem o que quer. “Vou brigar pelo título. Sei que tenho capacidade. Depois, talvez, tentar a Fórmula 3, a F2 e, quem sabe, a F1”, finaliza.
Missed yesterday’s Almeria action? Watch our mini-recap of the selection process so far. #WSeries pic.twitter.com/5DEmufILtV
— W Series (@WSeriesRacing) September 17, 2019