Os policiais civis em greve decidiram em assembleia nesta segunda-feira (12/11), encerrar a paralisação de quase três meses e retornar imediatamente ao trabalho. A decisão foi tomada após o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) expedir sentença na última sexta-feira (9/11), obrigando a retomada dos trabalhos e serviços da Polícia Civil e a suspensão da greve. Os policias deflagraram a greve em agosto, tendo como principal reivindicação a reestruturação da carreira.
Na assembleia desta segunda, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol/DF), Ciro de Freitas, enfatizou que a expectativa é de que o governo negocie. “Não veio proposta, isso não significa o fim. Nem a categoria, nem o governo cederam, então vamos continuar mobilizados. Esperamos que o governo aproveite o tempo para retomar as negociações”, disse o presidente. Uma nova assembleia foi marcada para o próximo dia 27, às 15h, em frente ao Palácio do Buriti.
Após duas greves e dois retornos sem ganhos o governo, de certa maneira, vai minando as forças da categoria, assim como fez com o sindicato dos professores no governado do PT, na gestão do então governador Cristovam Buarque. O Partido dos Trabalhadores por ter sua origem no movimento sindical sabe muito bem como funcionam as negociações.

Política se faz com ocupação de espaços de poder. O enfraquecimento da categoria policial já é perceptível nos bastidores com a redução dos espaços de poder, antes ocupados por integrantes da polícia civil, muitos desses espaços estão sendo ocupados hoje por policiais militares, algo impensável há alguns anos, fato que pode fazer grande diferença nos próximos anos. Esta categoria não pode ser subestimada, pois possui quatro deputados de seus quadros com mandato de deputado distrital. O que possivelmente os tem enfraquecido é o histórico de oposição ao atual governo. A atual greve durou praticamente três meses, mas pelo jeito não surtiu o efeito esperado pela categoria.
Um ponto interessante é alternância entre as categorias. Primeiro foi a polícia civil que entrou em greve no início do ano, posteriormente ocorreu a operação tartaruga da PM por dois meses, agora novamente a polícia civil suspende sua greve e a PM inicia outra operação tartaruga, rebatizada de operação legalidade. Tal operação ganha força a cada dia, mas ainda é muito tímida. Aparentemente é uma quebra de braço entre o comando e alguns líderes. Às vezes parece mais uma briga pessoal, onde alguns são usados como massa de manobra, do que um movimento organizado que busca melhorias para a categoria. A polarização é perigosa e desvirtua o movimento. O que se vê é a falta de soluções concretas, são ataques de todos os lados.
É importante ressaltar que os prazos para alteração orçamentária já foram encerrados e que faltam praticamente trinta dias para a cidade “parar”, pois teremos recessos nas três casas parlamentares (Câmara dos Deputados, Senado e Câmara Legislativa), retornando a normalidade somente em fevereiro. O próximo ano será atípico, pois pouco tempo após o Carnaval, teremos Copa das Confederações e diversas comemorações praticamente durante todo ano. O que teremos pela frente é a clássica representação do famoso “pão e circo”.
As duas categorias, polícia militar e polícia civil, terão que aprender que no futuro a união será uma questão de sobrevivência. Separadas são fortes, juntas são imbatíveis.

“Se conselho fosse bom não se dava, vendia-se!” – Estou sendo teimoso, mas acredito na reflexão, aqui é só a visão de um Cabo de Polícia, sem nenhum valor dentro do sistema!