Uma das maiores experiências de minha vida foi ter atuado como Assessor Especial de Gabinete de um Secretário de Segurança Pública. O professor Arthur Trindade me ensinou muito, em especial sobre Gestão. Quem o conheceu sabe que é uma pessoa acima da média. Uma pessoa excepcional, fora do comum. Foi um grande mestre. Neste período entendi como funciona o “jogo político”, suas sabotagens e em especial como parlamentares atuam no “teatro” das reuniões e como um governador pode ser decisivo nas questões que envolvem a segurança pública no DF. Aprendi muito mais do que no período em que atuei no Legislativo. Aprendi mais em um ano do que em toda minha vida policial e acadêmica.
Neste período estive a frente de algumas pautas da SSP, dentre elas a transferência do disque denúncia, participei de várias reuniões com o Sinpol, Associações da PM, recebi demandas sobre os becos dos policiais, de policiais militares novinhos subjudice, ex-policiais militares que buscam anistia, participei de um Grupo de Trabalho sobre os efetivos das forças e estive a frente da negociação da ASTEN – Técnicos de necropsia, durante a greve, uma experiência fantástica, além de ter ficado a frente do seguro de vida dos policiais e bombeiros do DF.
Quando aceitei o convite para ir para Secretaria três pautas eram prioritárias:
- Reestruturação;
- Saúde ( a ideia era criar um plano de saúde para as forças);
- Atendimento Jurídico para os policiais em serviço.
Sobre os três temas fomos derrotados por “forças ocultas” que atuam no sistema. Na saúde prevaleceu o modelo das “forças armadas” com “hospital próprio” e “quadro próprio”, sobre o atendimento jurídico nem avançamos no debate, sobre a reestruturação ficamos limitados a um Relatório para o Secretário sobre os pontos de um Plano de Carreira que depois virou um Relatório para o Governador sobre os pontos de um Plano de Carreira, já como MPI (movimento policiamento inteligente), que depois enviei também cópia para algumas associações, para a presidente da CLDF e para o Comando Geral da Corporação. No final também não avançou, ficará por conta da Casa Militar e do próprio Governador. Creio que não será implementado…
Relatório Plano de Carreira Governador (Clique para ter acesso)
Neste período, percebi, como é impressionante a forma como a política funciona. Entendi porque a segurança pública não funciona bem e porque ficará sem funcionar por muito tempo. É de assustar as disputas internas na pasta. É de desanimar as limitações de um secretário e de parlamentares que tentam fazer algo pelo sistema de segurança pública. Vi de perto o quanto a força ou fraqueza de um governador pode interferir no andamento dos trabalhos. Vez ou outra estarei relatando aqui sobre esta experiência e outras que tenho vivido.