O jornal Correio Braziliense de hoje trouxe uma notícia interessante: PM confirma compra de 150 carros; audiência discutirá destino das Pajeros. Hoje (30 de março) ocorrerá uma audiência pública que vai discutir possíveis soluções e o impacto dos carros no serviço de policiamento externo.
Mais de vinte acidentes, com uma morte e uma amputação já ocorreram nos últimos anos. O saldo é resultado das capotagens e colisões envolvendo as Mitsubishi Pajero Dakar utilizadas pela Polícia Militar. Atualmente trabalho com uma na Cidade Estrutural. São até confortáveis, mas muito perigosas. Falo isso por que no meu segundo de dia serviço já observei detalhes que do gabinete onde eu trabalhava jamais observaria. Por três vezes as rodas traseiras travaram em baixa velocidade.
No último sábado, enquanto voltamos de uma delegacia e iniciava uma chuva ainda fraca, em baixa velocidade (40 a 50Km), próximo ao balão da corregedoria da PM, no SIA, as rodas traseiras vieram a travar no meio do balão, fazendo a viatura derrapar de lado, graças a Deus transitavam apenas mais dois carros no local e nada mais grave aconteceu, pois o motorista da viatura conseguiu segurar. É como se o freio de mão tivesse sido acionado de repente e a viatura tivesse dado um “cavalo de pau”. Ficamos preocupados e assustados. Isso não é normal.
Esse tipo de informação não será divulgada em Audiências Públicas. Até porque os policiais tem medo de represálias. Quem conhece o sistema sabe como funciona, quem fala demais, responde e paga caro. Eu mesmo muitas vezes pago caro, pois em minha folga sempre estou respondendo alguma coisa. E não adianta dizer que “neste governo tem diálogo”, “que não existe perseguição”, não existe para quem se cala, tem diálogo com quem se submete. Tenho certeza que nesta audiência pública aqueles que sofrem diariamente com os problemas das viaturas e correm os riscos não estarão por lá, nem tampouco terão voz, caso estejam.
Segundo o jornal, a Corporação comprou 387 veículos em 2012. Militares reclamam da falta de manutenção nos carros, pneus carecas e ausência de equipamentos de segurança. Estas reclamações são antigas, talvez a morte de um colega expôs algo que era escondido “debaixo do tapete”. Tomara que a audiência de hoje não seja apenas “teatro” político. Infelizmente “audiências públicas” funcionam apenas como palco político para alguns, no final não resolvem nada.
O que deveria ser visto lá hoje é quem foi o responsável pela compra, quais critérios foram utilizados, quais os valores, se houve indícios de superfaturamento, por que as pajeros ainda estão rodando, se os veículos que querem comprar atendem as necessidades do trabalho policial, qual o custo, se terão manutenção, pois não adianta comprar um carro importado e depois não ter as peças e as manutenções necessárias, entende? Se não forem objetivos nesta audiência, será apenas “firula” política para fazer políticos e futuros políticos aparecerem. Estou casando dessa enganação toda. Precisamos falar em “responsabilização de comando”, em punição dos culpados por jogar o dinheiro do contribuinte no lixo. É preciso discutir a profissionalização de fato das polícias.